ADELINO BUQUE
“Se Buque procurasse informar-se sobre as condições então exigidas para a travessia na ponte de Púnguè talvez não passasse pelo espanto que passou e não nos chateasse, hoje.”, (Nkomo).
Francamente. Aceite o meu pedido de desculpas.
Não era minha intenção chatear o senhor e muito menos as pessoas a que se refere no seu artigo. Na verdade, escrevi pensando que fosse um diálogo entre Nkomo e eu. Nem sabia da existência de um grupo que se ocupava da investigação de seja o que fosse quando, a dado passo do seu artigo, diz e cito: “O artigo referido por Buque
surge apenas em resposta à nossa consciência de cidadania, no âmbito de um exercício democrático reinante no nosso país”.
Mas vamos ao que interessa.
Em resposta a tal carta, que chateou o grupo do senhor Nkomo, aparece um dado interessante, que revela a ingenuidade militar do Matsanga. Na verdade, como é que um comandante que se preze age como agiu no fatídico 17 de Outubro? Segundo conta o grupo, “durante o tiroteio de 17 de Outubro de 1979 na Gorongosa, apercebendo-se da presença de um tanque militar governamental que ia disparando a torto e a direito, escudando-se os atacantes no interior dele, Matsangaíce entendeu pegar numa granada e correr com ela para introduzí-la na escotilha daquela máquina, de modo a imobilizá-la. Exactamente no momento em que ia atirar o engenho para o interior do tanque, uma bala disparada por um soldado governamental atingiu-o mortalmente”.
Acredite, caro leitor, eu não sou militar nem entendo lá muito dessa técnica, mas acredito que um homem que goza da sanidade mental não vai se expor tal como se relata que o fez o comandante André Matsangaíce, para quem começava a simpatizar com a estória fica com a impressão de que o seu líder não passava de um aventureiro,
nada mais.
Só um pequeno detalhe: não existe um “rebanho” de buques e julgo que por essa via está claro também que não há imagens a serem cuidadas, aqui e neste artigo está o meu exclusivo exercício de pensamento, não é, por conseguinte, um pensamento do grupo e nem sei se o partido a que pertenço subscreve isto, por uma razão muito simples: nunca ninguém desse partido me disse particularmente ou em público que tinha feito bem em defender este ou aquele posicionamento.
É interessante como busca o termo nó-górdio para sustentar as operações militares no período de guerra de desestabilização, há, de facto, referências inegáveis da nossa história de luta de libertação mesmo olhando de um ângulo difícil, que bom!
Eu disse e reitero a minha admiração pela forma frontal como Nkomo aborda as questões que para uns são autênticos tabus. Este debate, embora tenha chateado o grupo de Nkomo, só é possível porque Nkomo deu a cara e disse o que disse, muitos de nós nunca tínhamos visto a imagem do Matsanga, mas graças às suas publicações passamos a conhecer o homem que é herói para uns e bandido para outros, quando em 2004 publicou o livro sobre o Reverendo Uria Simango de entre o público que lotava o Franco estava lá este Buque exactamente porque gosto das suas abordagens sem pretender assimilar os seus ideais sócio-políticos como é óbvio, será possível para si, caro Nkomo, esta relação sem ferir a ninguém!
Pela forma como apresenta o seu pensamento me parece o único com direitos constitucionais não admitindo que eu pense diferente sem que isso signifique inimizade.
Se aceita o meu conselho, continue a publicar o que souber sobre a estória da nossa sociedade, não se importando em agradar a este ou àquele, quanto questionar o que escreveres isso vai acontecer sempre e não deve ser motivo de se antagonizar com os leitores mesmo que esse leitor se chame Adelino Buque. Valeu, Nkomo!
CORREIO DA MANHÃ (MAPUTO) – 01.11.2005
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/10/andr_matsangace.html