Notícias Lusófonas
Alto Hama
07.11.2005
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Governo
português, de seu nome João Cravinho, em declarações ao Expresso, disse que
«Savimbi foi um monstro, um Hitler africano”. Tendo as responsabilidade
governativas que têm, e por isso não pode alegar que falou como simples
cidadão, João Cravinho vinculou o Governo de José Sócrates (que não,
obviamente, Portugal) a esta afirmação. Pena é que ninguém, Mário Soares –
por exemplo, tenha ensinado a João Cravinho que se não sabe contar até 12,
sempre se poderia descalçar.
Por Orlando Castro
Se Portugal é um Estado de Direito, das duas uma. Ou o secretário de Estado
pede desculpa aos milhões de angolanos que gostam de Savimbi, nomeadamente à
UNITA, ou é demitido.
Até agora tudo continua na mesma. E se assim continua é porque, de facto e de
jure, Portugal não é um Estado de Direito.
O governante português não conhece certamente a realidade angolana. Do seu
ponto de vista, do qual o Governo não se demarcou, Angola é sinónimo de MPLA
e tudo o resto são monstros e hitleres.
Conclui-se, segundo o governante português, que Angola está cheia de monstros
e hitleres, tantos são os angolanos que admiram Savimbi e reconhecem o
contributo que deu para a Independência do país.
Savimbi tombou em combate ao lado das suas tropas e do Povo mártir, apanágio
só concedido aos Grandes da História. Deixou-nos como maior e derradeiro
legado a sua coragem e o consentimento do sacrifício máximo que pode conceder
um combatente da liberdade, a sua Vida.
Fiel aos princípios sagrados que nortearam a criação da UNITA, Jonas Savimbi,
rejeitando sempre e categoricamente os vários cenários de exílios dourados,
foi o único dos líderes angolanos que sempre viveu e lutou na sua Pátria. A
ela tudo deu e nada tirou, ao contrário de outros com contas, palácios e
mansões no estrangeiro.
Fisicamente Savimbi morreu. Fisicamente foi humilhado. Mas uma coisa é certa.
Não há nenhum João Cravinho que derrote, mate ou humilhe uma cultura, um
povo, uma forma eterna de ser e de estar.
«Há coisas que não se definem - sentem-se». Foi isto que há 30 anos me disse,
no Huambo, Jonas Malheiro Savimbi.
É isto que João Cravinho nunca compreenderá. A UNITA não se define - sente-se. Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Angola não se define - sente-se.
E porque se sente, e não há maneira de matar o que se sente, é que Jonas
Malheiro Savimbi, continuará na História, mau grado as tentativas dos Cravinhos que não fora a sorte de viverem na Europa não conseguiriam aplaudir o que é válido porque teriam medo de cair da árvore.
[email protected]
07.11.2005
NOTA: Na realidade, não vivemos numa República. Foram os pais, agora são os filhos. Pior que uma república das bananas só um reino sem rei nem roque.
Fernando Gil