A transferência da propriedade da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) de Portugal para Moçambique é considerada pela generalidade da imprensa moçambicana um dos principais acontecimentos do ano, que termina este sábado.
Com efeito, quer a chamada imprensa independente, quer a considerada pró-governamental, congratulam-se com o memorando de entendimento celebrado a 03 de Novembro último entre os Governos moçambicano e português.
O documento preconiza a passagem de 85 por cento da HCB de Portugal para Moçambique, mantendo-se o primeiro país como parceiro estratégico, com 15 por cento.
"O memorando de reversão do controlo da HCB é o negócio da independência", escreve o semanário Savana, um dos principais órgãos de comunicação privados em Moçambique.
Com esse enunciado, o jornal aludia ao facto de a transferência da barragem ser tomada pelos moçambicanos como a "segunda independência do país", depois de a "primeira" ter sido alcançada a 25 de Junho de 1975.
Ao eleger o acordo sobre a HCB como o "acontecimento do ano", o Savana sustenta que, uma vez nas mãos dos moçambicanos, a hidroeléctrica vai funcionar como "uma alavanca para projectos adormecidos".
A euforia de um dos mais críticos e influentes jornais privados em Moçambique pela reversão da HCB vai até ao ponto de, em editorial, a publicação render um "obrigado, camarada Presidente. A Luta continua" ao chefe de Estado, Armando Guebuza, através de um termo pelo qual se chamam os membros do partido FRELIMO, no poder em Moçambique.
Também o semanário privado Zambeze escolheu em editorial da edição da última quinta-feira "a transição para a soberania moçambicana da HCB, uma das maiores barragens do mundo, como "uma das coisas mais importantes que aconteceram em 2005 no país".
Por sua vez, o diário de maior circulação no país, o pro- governamental Notícias, num "inquérito" aos seus leitores, aponta a reversão daquele empreendimento para Moçambique, como "um dos acontecimentos que dominaram o ano 2005".
A primeira sucessão em vida na chefia do Estado moçambicano, com o anterior Presidente da República, Joaquim Chissano, a ceder o seu lugar ao actual, Armando Guebuza, os acordos de supressão de vistos entre Moçambique a alguns dos países vizinhos e o início das obras de construção de importantes pontes no país são também apontados pela imprensa moçambicana como importantes eventos em 2005.
A fome, que afecta mais de 800 mil pessoas, a falta de progressos no combate à corrupção e o recrudescimento da criminalidade urbana são algumas das principais notas negativas do ano que finda esta semana, consideram ainda os jornais moçambicanos.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 30.12.2005