O principal suspeito do assassínio do jornalista moçambicano Carlos Cardoso, Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), rejeitou hoje qualquer ligação ao crime de parentes do ex-Presidente Joaquim Chissano, considerando que estes estão a ser alvo de "difamação".
"Anibalzinho" negou a associação com a família Chissano ao ser interrogado pela advogada da família do jornalista, Lucinda Cruz, sobre o conteúdo de um vídeo gravado na África do Sul, depois da sua primeira evasão em 2002, em que também ilibava Nyimpine Chissano, filho mais velho de Joaquim Chissano.
O nome de Nyimpine Chissano, como mandante do crime, foi mencionado por dois co-réus confessos e já condenados em primeira instância a mais de 20 anos de cadeia, penas de que recorreram.
"A acusação de que eu conheço Nyimpine Chissano, alguém da sua família ou do partido FRELIMO é falsa", afirmou hoje em tribunal o suspeito de ter liderado a quadrilha que eliminou Carlos Cardoso em Novembro de 2000.
"Anibalzinho" acusou dois dos condenados como mandantes do crime, Abdul Satar e Vicente Ramaya, de estarem interessados em implicar o filho do antigo Presidente na morte do jornalista, como forma de evitarem o julgamento e a sua condenação.
"O Ramaya instruiu-me a gravar a partir da África do Sul uma cassete em que eu confessava ter morto o jornalista Carlos Cardoso e envolvia Nyimpine Chissano como mandante e eu neguei isso", acusou "Anibalzinho", que disse ter aceite produzir a gravação sob a promessa de receber 100 mil dólares.
O réu disse ainda que a sua primeira fuga da cadeia para a África do Sul, em Agosto de 2002, 60 dias antes do início do seu primeiro julgamento, mais tarde anulado, foi financiada e organizada por Abdul Satar, o irmão deste, Ayob Satar, e Vicente Ramaya, todos condenados a mais de 20 anos como autores morais do homicídio de Cardoso.
Em relação à segunda fuga, em 2004, que terminou com a detenção e extradição do Canadá, "Anibalzinho" disse que a mesma aconteceu "por obra de Deus", referindo-se a uma alegada distracção dos guardas prisionais.
Na sessão de hoje, o arguido voltou a negar a acusação de que chefiou a quadrilha que liquidou Carlos Cardoso, reiterando que recusou propostas para participar no crime feitas pelos três alegados mandantes.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 02.12.2005