A acareação havida ontem entre Vicente Narotam Ramaya e Aníbal António dos Santos Júnior (Anibalzinho), envolvidos no `caso Cardoso´, quase que terminava em rixa, depois das sucessivas acusações mútuas que ambos trocaram em plena sede do tribunal.
O mesmo tribunal marcou para o dia 20, próxima terça-feira, a data para a apresentação das alegações finais, depois de encerrado o processo de produção de provas. O juíz Dimas Marrôa explicou na ocasião que a algazarra tinha por objectivo distrair o tribunal daquilo que é a matéria em causa, facto que não afectaria o jurado, que se mantém calmo e sereno no seu trabalho.
Na acareação, para além de Vicente Ramaya ter desmentido tudo o que Anibalzinho dissera no seu interrogatório de há dias, voltou a ouvir novos palavreados de Anibalzinho, num processo que acabou sendo dominado por mútuas acusações. O desentendimento havido acabou sendo a principal causa da ligeira alteração da ordem que se viveu no julgamento.
Antes de o juíz ordenar que Anibalzinho e Ramaya, este último arrolado nesta fase como declarante, se mantivessem calados, os oficiais de justiça tiveram que se aproximar dos dois para lhes pedir serenidade e alertar uma vez mais, que estavam diante de um tribunal. Descontrolados, os dois levantavam a voz, chegando mesmo a proferir palavras indecorosas.
Lucinda Cruz, advogada da família Cardoso, chegou a alertar o tribunal para os sistemáticos casos de arrogância e falta de respeito que o réu Anibalzinho demonstrava perante o tribunal, facto que mereceu chamada de atenção por parte do juíz Dimas.
Com novas acusações, Anibalzinho disse que Ramaya sempre foi um criminoso `de colarinho branco´, porque a todo o custo desejou o abate de algumas pessoas, sem que em nenhum momento desse a cara. Aliás, disse que, para além de desejar ou planificar a morte de Carlos Cardoso e Albano Silva, Ramaya havia contratado reclusos da BO para o assassinar, assim como acabar com a vida do juíz Augusto Paulino.
Estas e outras acusações fizeram com que Ramaya partisse para o contra-ataque, dizendo que `o cão obedece ao ao seu dono´, daí que não se justificava que ele pudesse ter dado instruções a Anibalzinho para gravar uma cassete a ilibá-lo do crime, assim como patrocinado uma das suas fugas para depois se revoltar contra ele.
`Ramaya disse que Anibalzinho lhe tentou extorquir 150 mil dólares como paga de tal cassete. Desse dinheiro, 50 mil dólares seriam para preparar a sua segunda fuga, e o resto dividiria por igual pelas suas duas esposas. Não aceitei a sua chantagem, muito menos financiar um bandido´, disse Ramaya. Acrescentou não fazer sentido que tenha manipulado Anibalzinho a retirar o seu nome da lista dos mandantes na morte de Carlos Cardoso, e mantê-lo ligado ao processo BCM, pois o mais lógico seria retirar o meu nome de todos os processos, visto que o caso BCM é apontado como sendo o móbil do crime´.
Quanto à cassete enviada a partir do seu esconderijo, Anibalzinho reconheceu apenas ser ele a pessoa que aparece na imagem, mas que não assumia as declarações nela contidas, porque supostamente foram adulteradas. Alegou que a fita passou pelas mãos de diversas pessoas, como os advogados Simeão Cuamba e Abdul Gani, daí que não se identificava com o seu conteúdo.
NOTÍCIAS – 16.12.2005