UMA VERDADEIRA COLIGAÇÃO PARA PARTILHA DE RECURSOS
São perto de meia centena os accionistas da Moçambique Capitais (MOZA CAPITAL, SARL) e entre eles constam destacadas figuras de diferentes cores políticas nacionais, incluindo o partido MONAMO, de Máximo Dias, com representação no Parlamento moçambicano por via da coligação RENAMO-União Eleitoral.
A MOZA CAPITAL está coligada com a GEOCAPITAL, sediada em Macau, que tem como principal accionista o luso-chinês Stanley Ho, e para já se sabe que tem os olhos particularmente virados para o Vale do Zambeze. Fazem ainda parte desta sociedade o antigo PCA da falida Construções Técnicas, Ferro Ribeiro.
São os seguintes os accionistas da MOZA CAPITAL – GEOCAPITAL – Investimentos estratégicos, S. A. e as suas ligações directas ou indirectas com as lides político-empresariais: Carlos Jorge Feijóo, conhecido no mundo de negócios em Portugal e muito próximo do Partido Socialista (PS), hoje no poder na antiga metrópole, e Tomás Arone Monjane, actual director geral da Interlec Holdings, de Salim Adbulla (ele próprio accionista), actual homem forte da CTA, Armando Guebuza, actual Presidente da República de Moçambique, e Abdul Carimo Issá (Buda), o responsável máximo da Ética Moçambique e antigo administrador da SPI do partido FRELIMO.
Fazem parte ainda do grupo de accionista da joint venture em apreciação Ester Cláudia Pimenta da Conceição, filha de João Carlos da Conceição, destacado membro do partido FRELIMO na área dos desportos e antigo deputado da Assembleia Popular (monolítica), Lourenço Macanhe Uate, familiar do antigo ministros dos Negócios Estrangeiros de Joaquim Chissano (hoje director executivo da fundação do presidente substituído do cargo por Guebuza).
Figura ainda neste grupo Paulo Dambusa Marques Ratilal, jovem economista e excelente agitador (no sentido positivo) no seio da juventude da FRELIMO (OJM) e filho do actual PCA da MOZA CAPITAL e antigo governador do banco de Moçambique no tempo da administração de Samora Machel, Prakash Ratilal.
António Augusto D’Almeida Matos, destacado membro do partido FRELIMO e PCA da Austral Consultoria de Projectos, e Noemésio Jaime Matusse, um jovem que desponta numa série de iniciativas empresariais, entre elas a EMGEE, Limitada, na qual está associado ao sulafricano Benjamin Filmalter Grobler (Benn), recentemente inaugurada e que se vai entregar, entre outras acções, à administração, gestão e participação no capital de outras sociedades e comercialização de perfumes e artigos de beleza e higiene, com os produtos da madeirense Maria Garcia como ponto de partida, e Tikha Consultoria e Investimentos, SARL, também, estão nesta iniciativa.
Oficialmente são também parte deste conclave empresarial João Dziwane Simbine Monteiro, filho do antigo ideólogo da FRELIMO, Óscar Monteiro, o economista e um dos sócios de António Almeida Matos na Austral, Luís Magaço Júnior.
O antigo presidente do parlamento português e actual presidente do PS de Portugal, António Almeida Santos, igualmente membro do Conselho de Estado naquele país europeu, um verdadeiro ponta de lança em assuntos empresariais do partido fundado por Mário Soares nas antigas colónias lusas, particularmente Angola e Moçambique, aparece igualmente destacado na lista dos accionistas na MOZA CAPITAL – GEOCAPITAL – Investimentos Estratégicos, S.A..
Para muitos analistas é estranho que Prakash Ratilal, sendo ele o PCA da sociedade, não apareça como accionista em nome individual, mas, sim, “representado” pelo seu filho. Idêntica situação é constante referente a Óscar Monteiro e Carla Dias Weng, filha de Máximo Dias e esposa de Adriano Weng, um dos influentes homens de negócios na área do tabaco e casas de câmbio.
(Redacção) – CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 28.12.2005
NOTA: Nada de admirar. Estas ligações já têm mais de 30 anos. E os amigos são para as ocasiões. Agora é que o Vale do Zambeze vai ser "vendido" a retalho. E não se admirem se, em relativo pouco tempo, for alterada a "Lei da Terra".
Fernando Gil