O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, nomeou quatro destacadas figuras da luta anti-colonial moçambicana para o Conselho do Estado, um órgão de consulta do chefe de Estado criado este ano no país.
Em despachos separados, Guebuza indigitou para o Conselho de Estado Alberto Chipande, ministro da Defesa moçambicano após a Independência, em 1975, Graça Machel, ministra da Educação também pós independência e viúva do antigo chefe de Estado Samora Machel.
O chefe de Estado apontou ainda para o mesmo órgão Bonifácio Gruveta e Eduardo Nihia, dois dos importantes comandantes militares da guerrilha anti-colonial da FRELIMO, partido no poder em Moçambique, desde a independência.
Com a indicação das quatro personalidades pelo Presidente da República faltam ainda apontar pelo parlamento sete membros para o Conselho do Estado, que vão juntar-se ao antigo chefe de Estado Joaquim Chissano, à primeira-ministra, Luísa Diogo, e ao presidente do Conselho Constitucional, Rui Baltazar.
Vão também integrar o Conselho do Estado o actual e antigo presidentes da Assembleia da República, o provedor da Justiça, este também por indigitar, e o presidente da RENAMO e líder da oposição, Afonso Dhlakama, num total de 18 membros.
Reagindo às quatro nomeações feitas por Guebuza, a RENAMO considerou-as "um regresso à linha dura na FRELIMO e ao monopartidarismo, que consolidam a tendência de partidarização do Conselho do Estado pelo partido no poder".
Segundo o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, "o perfil ultrapassado dos quatro membros que o chefe de Estado nomeou dão razão à necessidade de o Presidente da RENAMO ponderar se fará ou não parte do Conselho de Estado".
Mazanga reiterou que Afonso Dhlakama está alegadamente a ser pressionado pelos militantes da RENAMO para não integrar o Conselho de Estado, "pois será marginalizado devido à arrogância da FRELIMO e do chefe de Estado".
As sessões do Conselho de Estado são esperados com grande expectativa pelo público, pois o líder da RENAMO boicotou até agora todos os eventos oficiais em que esteve Armando Guebuza, alegando ter sido vítima de fraude nas últimas presidenciais, realizadas em Dezembro do ano passado.
Por outro lado, o primeiro presidente da Assembleia da República e co-fundador da FRELIMO, Marcelino dos Santos, recusou-se sempre a cumprimentar Afonso Dhlakama, por considerá-lo "bandido" pelo papel que teve na chefia da guerrilha que combateu a FRELIMO ao longo de 16 anos.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 15.12.2005