Distrito do Guro
A Renamo acaba de ganhar a causa no diferendo que a opõe com a Frelimo no distrito do Guro, província de Manica, cujas obras tinham sido embargadas por ordem do administrador local em 2004.
A informação foi dada ao ZAMBEZE por Mateus Lucas António, chefe da comissão executiva provincial da perdiz naquela província central do País, explicando em relação à questão, que o seu partido submeteu ao procurador provincial, recurso tendo notificado o administrador em causa que não compareceu.
“Mas antes, havíamos submetido a reclamação ao juiz distrital mas este, influenciado pelo do governo cumpriu as orientações da Frelimo e acabou legalizando o embargo da construção da nossa sede”, disse António.
Prosseguindo, afirmou que “achámos o embargo ilegal e submetemos o caso ao TPJM e o procurador solicitou a comparência tanto do administrador quanto do juiz distritais do Chimoio, notificação que ambos não acataram. Então o Tribunal deu o último despacho no qual devia haver coordenação entre a Renamo e o governo distrital, mas não existe nenhuma lei que impede que seja construída uma instalação de um partido legal e oficialmente reconhecido. Este foi o ponto em que nos agarrámos para que a justiça fosse feita”, frisou a fonte.
Adiantou que “pedimos depois ao Tribunal para que nos passasse um documento que nos autorizasse a continuar a construção da nossa sede no Guro tendo o problema acabado assim. Estando a obra já em acabamentos. Para a Renamo constitui grande vitória, pois foi a primeira vez que a justiça moçambicana nos deu razão dos vários litígios que temos com a Frelimo, apesar de se tratar de uma situação em que desde sempre a razão esteve do nosso lado. Este caso remonta desde 1999 e só hoje teve o seu desfecho”, congratulou-se.
Questionado sobre outros problemas na província, a fonte admitiu não conhecer a situação concreta uma vez que acabava de tomar posse como chefe da comissão executiva em substituição do anterior delegado político provincial.
No entanto, dos poucos dados de que dispunha, falou da situação do posto administrativo de Mandié no mesmo distrito do Guro, onde a população construiu um posto de socorros de material local, mas tendo o enfermeiro abandonado sem nenhuma satisfação.
Disse ainda que os hipopótamos destroem machambas das populações e os crocodilos atacam as pessoas, porcos e cabritos e o governo depois de informado nada faz. Então as populações passam o tempo a reclamar junto do régulo local, Honhonho Chosse, que nada pode fazer.
Outra situação narrada pela fonte diz respeito a uma cobrança de 100 mil meticais a cada família de Mndié para alegadamente se construir uma escola, mas até hoje não se sabe do destino do dinheiro nem a escola foi construída.
- Fome abala alguns distritos
Em relação a fome causada pela estiagem que assola alguns distritos da província de Manica, como são os casos de Tambara, Macossa, Guro e Machaze, a Renamo diz estar a preparar um dossier para apresentar ao governo provincial.
“Queremos saber da estratégia do governo perante a situação naqueles distritos onde as pessoas vivem de frutos silvestres, raízes de plantas que até podem ser venenosas. Isto porque desde há muito que o nosso partido sugeriu que o governo da Frelimo devia construir silos onde pudesse armazenar cereais, para em caso de fome minimizar a situação, mas até aqui não se verifica nada”, vincou acrescentando que para a Renamo, na sua qualidade de oposição, considera má governação porque um governo atento e responsável, não deixa que os problemas se alastrem.
“Há medidas preventivas que se devem tomar para que em futuras ocasiões não aconteça”, disse.
Quanto às propaladas prisões arbitrárias e espancamentos a membros e simpatizantes da Renamo, disse que a situação havia melhorado mas ainda se verifica um e outro caso nas zonas mais recônditas. “Mas isso acontece mais em vésperas de eventos eleitorais por ser parte das campanhas da Frelimo”, rematou António.
Alberto Chissico
ZAMBEZE - 12.12.2005