Rede de estradas e caminhos-de-ferro é condição para o escrutínio.
O Chefe do Estado angolano, José Eduardo dos Santos, que ocupa o
cargo desde 1979, confirmou durante este fim-de-semana, numa reunião
do Comité Central do MPLA, em Luanda, que as eleições legislativas e
presidenciais no seu país nunca serão antes de 2007, na melhor das
hipóteses. Mas não chegou a explicar se irão ou não decorrer em
simultâneo, como em 1992.
O líder do partido maioritário disse que este deve "encorajar" o
Governo, por ele controlado, a concluir a reabilitação no próximo ano
da rede fundamental de estradas e de caminhos-de-ferro, para que só
depois disso os cidadãos possam participar em grande número numas
eleições que se pretendem "transparentes e bem organizadas".
José Eduardo dos Santos lembrou que as eleições em Angola só
serão "credíveis e participativas se houver possibilidade de
circulação livre e fácil de pessoas e bens em todo o território
nacional, e se o registo dos eleitores abranger todos os angolanos
com capacidade para eleger e ser eleito, sem qualquer exclusão".
Em Março do ano passado, o Governo disponibilizara 170 milhões de
dólares (130 milhões de euros) para a primeira fase de preparação de
um processo eleitoral que nessa altura se julgava que iria decorrer
em 2006, conforme então disse o ministro da Administração do
Território, Virgílio Fontes Pereira.
No entanto, ainda não foi possível fazer uma estimativa definitiva do
custo total das eleições, nem sequer havendo um consenso nacional
sobre se as legislativas e as presidenciais devem decorrer em
simultâneo, de modo a poupar despesas, num país onde os recursos
disponíveis para as grandes tarefas nacionais nem sempre abundam.
"Continuamos a encontrar muitas surpresas relativamente às
dificuldades e ao grau de complexidade dos problemas que é necessário
resolver", declarou o ano passado o ministro Fontes Pereira. Muitos
angolanos têm-se manifestado surpreendidos por ainda nem sequer ter
começado o processo de registo nos cadernos eleitorais, uma tarefa
que poderá demorar largos meses.
Jorge Heitor - PÚBLICO - 29.01.2006