O governo sul-africano vai tentar divulgar este ano as conclusões da investigação à morte de Samora Machel, o primeiro presidente moçambicano, ocorrida num acidente aéreo, em 1986, assegurou o ministro da Segurança sul-africano, Charles Nqakula.
A garantia foi dada no fim-de-semana, em Maputo, durante a cerimónia que marcou o 25º aniversário do assassínio de 12 membros do Congresso Nacional Africano (ANC), na cidade da Matola, durante um ataque realizado da força aérea sul-africana do regime do "apartheid". "O presidente sul-africano, Thabo Mbeki prometeu tentar resolver o assunto (sobre a morte de Samora Machel) durante o presente ano", disse Nqakula, que acrescentou ser necessário "descobrir quem é que cometeu este vil crime". "Esta é a dívida que temos com o povo moçambicano. É uma dívida que vamos pagar", sublinhou o governante.
Na sexta-feira, o presidente sul-africano Thabo Mbeki, fez inesperadas referências ao desastre aéreo de Mbuzini que matou Machel, durante o discurso que proferiu sobre o estado da nação, em Pretória. Na ocasião, Mbeki referiu-se à "misteriosa queda do avião" de Samora Machel, na zona de fronteira entre os dois países e reiterou que o caso "continua a exigir uma explicação satisfatória".
Machel morreu quando o avião em que seguia, transportando outras 33 pessoas da comitiva presidencial, embateu contra os montes Libombos, na região de Mbuzini, na África do Sul, no regresso de uma reunião na Zâmbia.
As causas do desastre foram atribuídas ao regime do "apartheid", mas resultados preliminares de um inquérito efectuado, à margem, por peritos russos, que cederam a aeronave ao governo moçambicano, indicam o envolvimento de moçambicanos na morte de Machel.
Graça Machel, viúva do ex-presidente moçambicano, também acusou, há anos, que "do lado de Moçambique, alguém facilitou o processo" que conduziu ao desastre do avião "Tupolev"-134A. Após a tomada de posse, no ano passado, o presidente moçambicano, Armando Guebuza, que chefiou a comissão de inquérito da parte moçambicana, assegurou a publicação dos resultados, mas não avançou qualquer data.
LUSA - 07.02.2006