(Maputo) Os operadores do sector algodoeiro não estão satisfeitos com os rendimentos que resultam da sua actividade. O «Canal de Moçambique» apurou que os operadores consideram que os custos de produção são tão elevados que não compensa, tendo em conta os preços finais de venda do algodão no mercado internacional. O facto foi denunciado pelo director executivo da “Plexus Moçambique”, uma firma algodoeira baseada na província de Cabo Delgado. O seu director, Faustino Cating, em declarações ao «Canal» considerou que o fenómeno está a sufocar os operadores algodoeiros de Cabo Delgado. “Desde que celebrámos o primeiro contrato (há cerca de 3 anos) houve oscilações nos preços de vários factores de produção que agravaram os custos em mais de 50%, o que causou transtornos para o sector do algodão”, disse o eng.º Cating, agastado com a situação. |
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De acordo com Cating a produção de algodão envolve “muito dinheiro”. |
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“Geralmente, os investimentos começam a ser feitos desde a plantação até à colheita e quando se chega à vez de exportar o produto, qualquer produtor constata ter gasto acima da média do que foi investido na produção”, refere. Para além dessas preocupações os produtores ainda se sentem lesados por serem obrigados a canalizarem 2.5% das suas receitas ao Instituto de Algodão de Moçambique. Segundo os de cabo Delgado a taxa é excessiva relativamente aquilo que são os ganhos. |
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Ademais, acrescenta Faustino Cating, os custos com transportes em que beneficiam os Caminhos de Ferro de Moçambique, representam mais de 250% dos custos do operador algodoeiro por cada unidade do produto exportado. Esses custos, de acordo com a fonte, são elevados quando comparados com preços praticados no mercado internacional. Noutros países que não especificou, segundo Cating, os preços de transporte ferroviário são inferiores, na ordem de 40%, aos praticados em Moçambique. Para a fonte, “o Estado moçambicano deveria começar a olhar para o papel social do sector algodoeiro no desenvolvimento do país e procurar melhorar a forma de incentivá-lo porque, acima de tudo, o sector contribui para a sobrevivência de muitas famílias”. |
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Só na “Plexus Moçambique”, indica, há mais de 40 mil famílias inscritas e a desenvolver a produção de algodão. “Os seus salários vêm do algodão”. |
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O que diz a Associação dos Algodoeiros? |
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O «Canal de Moçambique» para melhor perceber os constrangimentos do sector ouviu esta terça-feira, Estevão Langa, presidente da Associação Algodoeira de Moçambique. Ele explica que, internamente, o principal problema, comum a todas as áeras, independentemente da província onde se opera, é o das infra-estruturas. |
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Segundo Langa, fora do crónico problema das vias de acesso há também a questão da falta dos meios de comunicação, para além da falta de bombas de combustível ao longo dessas vias, muitas delas, totalmente degradadas. |
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O presidente da Associação Algodoeira de Moçambique, refere depois que externamente, o problema é o preço do algodão-fibra no mercado internacional. “É baixo relativamente ao preço a que os operadores compram o algodão caroço aos camponeses no país”. |
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O preço de venda do algodão caroço pelo produtor ao operador algodoeiro é fixado pelo Governo, através do IAM (Instituto de Algodão de Moçambique) após uma negociação envolvendo os produtores e operadores mais o Governo que assume o papel de facilitador. |
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O preço que vigora desde a época transata é de 5mil meticais/Kg. de algodão caroço de 1.ª, e 3.500 meticais/Kg do algodão de segunda. |
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Enquanto isso o preço internacional de algodão em fibra é de 58,6 USD por “libra peso”. Uma libra equivale a 0,450 Kg. No entanto, conforme explicou Langa a taxa de extracção do algodão caroço é de 39 a 40%, ou seja, por cada tonelada de algodão caroço tem-se 390 a 400 Kg de algodão em fibra. |
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No rol destes constrangimentos prevê-se que esta época algodoeira (2005/2006) será boa, estimando-se que haja um aumento de produção na ordem de 50 a 60%, relativamente a época 2004/2005. (S. Macandza) | CANAL DE MOÇAMBIQUE - 16.02.2006 |