O antigo ministro da Economia de Cabo Verde, José Tomás Veiga, irmão
do candidato Carlos Veiga derrotado nas eleições presidenciais de 12
de Fevereiro, acusou os partidos no poder em Angola e em São Tomé e
Príncipe de "interferência no processo político cabo-verdiano".
José Veiga, ministro durante os governos do Movimento para a
Democracia (MpD, actual principal partido da oposição em Cabo Verde)
de 1991 a 2001, fez estas acusações num artigo publicado na edição
desta semana do jornal local "Expresso das Ilhas".
O ex-ministro acusou o Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA) e o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido
Social Democrata (MLSTP/PSD) de, durante o processo eleitoral, ter
feito "campanha directa a favor dos candidatos do PAICV (Partido da
Independência de Cabo Verde - no poder) e de (Presidente reeleito
cabo-verdiano) Pedro Pires".
Segundo ele, os partidos no poder em Angola e em São Tomé e Príncipe
terão "nalguns casos intimidando os activistas das candidaturas
adversárias e sem contar outras formas insidiosas de intervenção
directa em Cabo Verde, de todos bem conhecidas".
O articulista sublinha que "se não nos acautelarmos, o nosso sistema
político ficará, um destes dias, refém desses partidos que, de
democracia muito pouco nos podem ensinar".
Para Tomás Veiga isto coloca de imediato o problema das eleições
legislativas e presidenciais cabo-verdianas no exterior onde se
regista uma taxa de abstenção superior a 70 por cento.
"É legítimo realizar operações eleitorais em território estrangeiro
sem ser nas representações diplomáticas e consulares de Cabo Verde?",
interroga-se o articulista que põe também em causa o controlo das
autoridades cabo-verdianas sobre um processo eleitoral realizado
em "casas particulares e outros locais não oficiais".
"Que valor tem um processo desta natureza?", pergunta José Veiga,
sublinhando que basta comparar o número de votantes no estrangeiro
com o número de inscritos para que "nos interroguemos sobre a
legitimidade de eleições realizadas nessas condições e o seu impacto
directo no sistema político cabo-verdiano".
De acordo com os resultados globais provisórios divulgados pela
Direcção Geral da Administração Eleitoral (DGAE), a votação dos cabo-
verdianos da diáspora foi um factor decisivo na vitória do Presidente
cessante Pedro Pires, uma vez que a nível nacional registou-se um
empate técnico com o seu único opositor Carlos Veiga.
A DGAE informou que Pedro Pires, candidato do PAICV (no poder),
obteve a nível nacional 79 mil e 323 votos (50 por cento), contra 79
mil e 319 de Carlos Veiga, apoiado pelo MpD.
Os resultados da votação na diáspora indicam que o candidato vencedor
Pedro Pires obteve sete mil e 268 votos (65,25 por cento) contra três
mil e 873 (34,75 por cento) do seu adversário Carlos Veiga.
Entretanto, Carlos Veiga ameaçou impugnar o escrutínio alegando haver
indícios de graves irregularidades no processo das eleições no
estrangeiro.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 17.02.2006
NOTA: Não nos esqueçamos que são partidos irmãos há mais de 30 anos. Mais a FRELIMO, FRETILIM e PAIGCV.