«Gripe das Aves»
Augusto Cabral, biólogo
(Maputo) O director do Museu da História Natural, o biólogo Augusto Cabral, considera que o país está em zona de risco quando está confirmado que a «Gripe das Aves», no continente africano, já foi identificada em três países: Nigéria, Egipto e ontem no Níger.
Segundo o conceituado biólogo, Moçambique é um dos locais privilegiados para as aves migratórias que na estação de inverno na Europa emigram para zonas de temperaturas mais altas. É exactamente o que está neste período do ano a acontecer, em que, vive-se um inverno rigoroso no velho continente e as aves emigram para zonas onde se está na estação de verão como é o caso do nosso país.
O nosso interlocutor adiantou que na zona da Aldeia dos Pescadores, em Maputo, já há um número razoável de flamingos provenientes de diversas zonas da Europa.
As aves por princípio não voam da Ásia para o Sul de África mas o convívio das aves asiáticas com as europeias pode resultar em contaminação das aves que da Europa vem até Moçambique.
No entanto, Augusto Cabral acredita que as possibilidades de contacto entre aves migratórias e aves domésticas são mínimas no nosso país o que, na sua opinião, não significa que não haja em Moçambique risco de eclosão de uma epidemia da «Gripe das Aves» que em vários países do mundo já fez vítimas mortais e obrigou ao abate de milhões de aves.
Em caso de eclosão de uma epidemia de «Gripe das Aves», o biólogo retromencionado, não antevê grandes prejuízos porque, segundo ele, a indústria aviária moçambicana é muito fraca. “É daqueles casos em que o subdesenvolvimento é uma vantagem”, conclui o professor.
No entanto, ao contrário do que afirma o professor Cabral na Direcção Nacional da Pecuária estima-se que seriam necessários 70 milhões USD para se travar um eventual surto da doença em Moçambique. Desse valor, 50 milhões USD seriam para controlar a gripe e os outros 20 milhões USD serviriam para indemnizar os proprietários das cerca de 8 milhões de aves que teriam de ser abatidas.
O «H1N5» ou virus que suscita a «Gripe das Aves» não se transmite de pessoa para pessoa, pelo menos de acordo com o conhecimento que já existe da matéria. É no entanto transmissível de ave para ave.
Um apertado controlo de entrada de aves em Moçambique recomenda-se que vigore nas fronteiras.
As aves mesmo que contaminadas, depois de cozinhadas não afectam o ser humano.
(Celso Manguana)
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 28.02.2006