Maior partido da oposição quer auditoria ao resultado das legislativas
EXPRESSO - 2 Fevereiro 2006
O Movimento para a Democracia (MpD, maior partido da oposição) diz
que houve uma «fraude gigantesca» nas eleições legislativas de 22 de
Janeiro, ganhas pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV), e vai pedir uma auditoria internacional independente.
O porta-voz do MpD, Orlando Dias, reafirmou que o partido tem provas
de que a alegada fraude consubstanciou, entre outros mecanismos, a
emissão de «mais de 74 mil bilhetes de identidade e cartões de
eleitor falsos ou irregulares».
Aos jornalistas foram disponibilizadas duas listas com cerca de cinco
centenas de eleitores com passaportes com número duplicado e ainda de
recenseados fora do prazo legal.
A comissão política do MpD reafirmou, após uma reunião em que
analisou o momento político nacional, que vai impugnar as eleições e
anunciou que «se no país não obtiver respostas adequadas» vai
recorrer para as «instâncias judiciárias internacionais».
Orlando Dias, porta-voz da comissão política do MpD, não especificou
quais as «instâncias judiciárias internacionais» a que pretende
recorrer, mas garantiu que «nenhuma possibilidade é excluída».
Este passo será dado, disse, logo após as tramitações exigidas por
lei, como seja a publicação oficial dos resultados definitivos, que,
até ao momento, apesar de oficiais são provisórios, e dão a maioria
absoluta ao PAICV, com 41 dos 72 deputados do parlamento, sendo que o
MpD elegeu 29.
O porta-voz divulgou ainda que o partido vai convocar e alertar os
seus simpatizantes e apoiantes para «estarem preparados» para «todas
as formas de luta admissíveis em democracia» até que a «gigantesca
fraude» das legislativas de Janeiro «seja desmontada».
Sobre a auditoria internacional independente que o movimento vai
pedir, Orlando Dias especificou que esta deverá ser dirigida em
especial pela União Europeia e pelas Nações Unidas.