Malawi
(Blantyre) Os advogados do vice-presidente do Malawi, Cassim Chilumpha, deram instruções à rádio e televisão estatais para que suspendessem de imediato a transmissão, em várias línguas, de uma carta do President Bingu wa Mutharika endereçada a Chilumpha. Na missiva, segundo noticiou o jornal «The Nation», o chefe de Estado malauiano explica os motivos que levaram ao afastamento de Cassim Chilumpha da vice-presidência do país.
De acordo com um dos advogados de Chilumpha, a emissora estatal, «Malawi Broadcasting Coporation (MBC)», havia acatado o pedido, mas que o canal televisivo, TVM (Television of Malawi) ainda não o havia feito. As instruções dos causídicos, fundamentada numa decisão do tribunal, diziam que “como representantes do governo, a vossa decisão em traduzir a carta em várias línguas nacionais e de proceder à transmissão da mesma constitui desobediência às ordens do tribunal.”
Não foi possível ouvir do director-geral da TVM, senhor Rodrick Mulonya, as razões que levaram o canal de televisão estatal a não acatar o pedido dos advogados de Cassim Chilumpha.
Na carta endereçada, o Presidente Mutharika considera que Chilumpha se havia demitido do cargo, o que é contestado pelo vice-presidente. Os advogados de Chilumpha alegam que as visitas por ele efectuadas ao estrangeiro, que são o pomo da discórdia entre os dois dirigentes, tiveram o consentimento do chefe de Estado.
Nos principios do corrente mês, o Presidente Mutharika demitiu o seu vice-presidente, alegando que este não participava nas reuniões do Conselho de Ministros, e que por diversas vezes havia criticado os membros do governo. O chefe de Estado acusou Chilumpha de “insubordinação e arrogância por se ter recusado a cumprir com uma ordem sua de que todos os membros do governo deviam mudar-se para Lilongwe.” Em vez disso, alega o chefe de Estado na carta transmitida pelos canais MBC e TVM, Chilumpha optou por se “instalar numa residência em Blantyre.” Diz a carta que o vice presidente “minou a autoridade do chefe de Estado, tentanto encabeçar um governo paralelo, para além de ter organizado funções públicas e até comícios políticos sem a autorização do presidente da República, nem tão pouco de o ter informado antecipadamente das suas decisões. (R.)
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.02.2006