«Animus meminisse horret»
(“a minha alma horroriza-se ao recordar”)
Com o artigo sobre a banca e o «leasing» o «Canal de Moçambique» abriu a edição da última sexta-feira (Canal nr.14). Ficámos todos a saber pelo Tribunal Administrativo (T.A.) que a maior parte das empresas desse ramo contribuem com zero para o erário público. Pior!... nalguns casos o erário público ainda lhes está a dever.
A má gestão governamental está reflectida nos números divulgados. Os empréstimos da Banca ao Estado estão lá reflectidos. E os comentários do TA no Relatório e Parecer sobre as Contas do Estado de 2004 denotam que a mão da Banca está a lavar a mão do Governo e os contribuintes a lavar as mão de ambos.
Quando os contribuintes pagam impostos e no fim sobram-lhes as migalhas, moraliza-os acreditarem que o seu dinheiro irá ser bem aplicado. O que se confirma pelo relatório do TA de 2004 é que o governo desgoverna as contas e a banca financia o déficit com as exorbitâncias que cobra pelos serviços (que até deixam a desejar) e com que lucra, entretanto, o suficiente para continuar a aplaudir a “orquestra” e o fausto com que ela passeia a arrogância.
Já não pode haver dúvidas. Os números falam. Neste caso a suspeitar-se da fonte (T.A.) será apenas por se saber que também ela não tem condições para ir mais longe do que a coragem já lhe permitiu. E, bem haja gente daquela estirpe!
É sabido que a banca tem balcões abertos em Moçambique mas não presta quaisquer serviços mais úteis à sociedade do que os já conhecidos. E a que preços!?...E a que juros!?... Só está onde lhe apetece e não está onde poderia contribuir ainda mais para o progresso do País. Pelo visto e até mais ver está apenas para ter lucros e a “curtir”. Tem feito o seu papel característico. Nada mais!
Em qualquer país, não é de esperar outra coisa da banca e do «leasing». Mas, em Moçambique só poderíamos dizer o mesmo se não soubéssemos quem são os PCA´s dos bancos que não pagam cheta ao Estado. E, ai de quem investigue melhor!...
Do «Banco Austral» conhecem-se as razões do descalabro e percebe-se porque ainda não paga impostos. Os outros também se sabe porque acabam a rir-se de todos os contribuintes – dirão os assumidamente cínicos. Nós preferimos deixar aqui registado que, a partir de hoje, certos senhores sem vergonha saberão o que está escondido por detrás dos nossos sorrisos.
«Aurun suadente, nil potest oratio» (“Quando o dinheiro persuade, nada valem as palavras”).
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 27.02.2006