Na Ilha de Moçambique
- O autor do roubo encontra-se em lugar incerto
As autoridades policiais apreenderam, na madrugada do passado sábado, na residência do 1º Secretário do Partido Frelimo da Ilha de Moçambique, enorme quantidade de carne de vaca supostamente roubada.
O Wamphula Fax soube, através de uma fonte que pediu anonimato que, na noite de sexta-feira e na madrugada de sábado, circulavam rumores, segundo os quais, quatro cabeças de gado bovino de proveniência duvidosa se encontravam na casa do 1º Secretário da Frelimo. O facto fez com que os membros da Policia da República de Moçambique se dirigissem imediatamente à residência daquele político, onde, afinal, em vez de animais vivos, depararam com enorme quantidade de carne que acabariam por confiscar devido a sua origem duvidosa.
Num contacto telefónico estabelecido com o administrador do distrito, Alfredo Matata, foi-nos confirmada a ocorrência, referindo que as quatro cabeças haviam sido roubadas e abatidas pelo cunhado do 1º Secretário, por sinal trabalhador da empresa agro-pecuária pertencente à JFS, sita na região de Muchelia, parte continental do distrito da Ilha de Moçambique.
O suposto ladrão, que ainda se encontra à monte, segundo Alfredo Matata, abateu as quatro cabeças, cuja carne transportou, através de uma embarcação alugada, para a Ilha, onde viria depositá-la na casa do seu cunhado, para, a partir dali, efectuar a sua venda pública.
Porém, sentindo-se descoberto, o autor do roubo desapareceu bruscamente da residência para parte incerta, uma vez que também em Muchelia está a ser procurado pelas autoridades policiais.
A carne que, já na tarde de sábado, se encontrava em avançado estado de decomposição, portanto, desaconselhável para o consumo humano, aguardava nas instalações do comando da PRM a respectiva incineração, acto que deve ter acontecido no mesmo dia, de acordo com a previsão do administrador Matata.
Todavia, o nosso interlocutor desdramatizou o acontecimento, dizendo que o facto de o episódio
se ter registado na residência dum membro sénior do partido no poder não deve constituir motivo de especulações maquiavélicas, com vista a colher dividendos políticos.
Entretanto, devido à deficiências de comunicação, até ao fecho desta edição do nosso jornal, não
tínhamos conseguido estabelecer contacto com o comando distrital da PRM, a fim de obtermos mais detalhes à volta do assunto.
WAMPHULA FAX – 21.03.2006
NOTA: Estando a empresa João Ferreira dos Santos em processo de falência, achamos estranho não estarem os seus bens controlados pelas autoridades judiciais. Quantos animais restarão na Muchelia. Agora não admira o Administrador Matata afirmar não dever o facto “constituir motivo de especulações maquiavélicas, com vista a colher dividendos políticos”, pois a “bandeira é a mesma”.