por muana Orripa
João CRAVEIRINHA
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(publicado em jornais e Moçambique)
Diversas reacções foram suscitadas pela Crónica da Praia do Bilene, TOTAL DISASTER, paradigma das inúmeras catástrofes ambientais por esse imenso Moçambique afora. A proximidade da capital, mais uma vez, amplia a dimensão do assunto.
Um leitor de Maputo, auto – identificado como, Dr. Gervásio Nhamitende, Economista Moçambicano e quadro do governo, enviou-nos a seguinte reacção: …(início de citação)
…”Caro Dr. João Craveirinha,
Não nos conhecemos mas agradeço a notícia sobre o Bilene. Estou profundamente chocado!....Não sou frequentador daquela instância turística, mas trago comigo memórias de adolescência (ano 1973 a.n.e.), quando fui agraciado pelo Colégio que frequentava de 15 dias de férias em São Martinho de Bilene. Levo essa imagem ainda comigo... confesso que para mim parecia estar no céu, uma praia lindíssima onde brincamos de barquinhos, areia branca, águas límpidas e o nosso "master" até nos levou de barco a atravessar o lago para as zonas das dunas onde conhecemos a zona de separação lago/ mar.....tudo muito lindo.... Do outro lado, mais para o interior, levou-nos a visitar algo que me lembro parecido com viveiros ou canais onde admiramos vários tipos de peixes, num misto com o verde, verde, de plantas ali existentes...um lugar lindo muito lindo e.....incomparável que até jurei aos meus amigos na então Lourenço Marques que quase tinha viajado para o céu.....Esta é a imagem que ainda guardo de S. Martinho de Bilene e boa demais para merecer tanto desprezo (lixeira)...Não sou testemunha da destruição ecológica daquele local e nem faço ideia da alegada urbanização desordenada embora tenha ouvido nos últimos tempos com maior frequência entre amigos e conhecidos a moda que se tornou febre de possuir casa em Bilene.... Não a tenho porque não posso e nem pertenço a essas elites....mas o pior ainda, é que não estou psicologicamente preparado para assistir o espectáculo que relata e outro retratado pelas imagens que me enviou.... Seria uma verdadeira desilusão, porque esse não é o Bilene que conheço e levo memórias... Sejam quem forem os autores desse crime ecológico, só espero que esta moda quer seja de lavagem de contentores ou lançamento de lixos tóxicos em águas moçambicanas não pegue. Estou temendo pelo futuro dos nossos recursos marinhos e de mim mesmo que sou apreciador da sardinha moçambicana – a MAGUMBA!
Em meu entender, e no caso concreto, NÃO SE CONFIGURA LEGÍTIMO A RESPONSABILIZAÇÃO DOS GOVERNOS SUCESSIVOS, POIS NÃO VEJO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE ESTE CRIME ECOLÓGICO E A ACTUAÇÃO DESSES GOVERNOS. Ao governo cabe naturalmente a responsabilidade de investigação e levar os culpados à barra dos Tribunais Internacionais (uma vez que somos subscritores do Direito Internacional do Mar).
GOD SAVE MOZAMBIQUE!!!
Um abraço!...Gervásio Nhamitende, economista (fim de citação).
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Dr. Gervásio Nhamitende
Prezado leitor atento,
Grato pela sua missiva, aliás muito elucidativa, do QUANTUM o BILENE mudou do que era –, MUTATUS AB, ILLO. Em relação à sua discordância na crítica à Incompetência Política sistemática dos Sucessivos Governos no seu dizer…” não se configura legítimo a responsabilização dos governos sucessivos”…
Sem crise. Em Democracia, é legítimo de uma forma educada refutar a opinião contrária como é o seu caso.
Invocar o Direito Internacional do Mar não é suficiente. É preciso TRABALHAR e duro a começar internamente pela regulamentação de coimas Municipais a aplicar ao próprio cidadão Moçambicano indisciplinado e violador das regras básicas de convivência e preservação da Natureza e das Praias. A co-responsabilidade tem nome: - Municípios, Autarcas, Ministérios e Ministros. Em nome do deixa andar e da Política Institucionalizada do “Desenrasca” entrou-se num liberalismo “selvagem”. Em abono da verdade nem tudo se pode e se deve imputar ao Presidente da República sendo ele a última Instância destinatária. Um Governo é uma equipa. E há a 1ª Ministra. No entanto um Presidente atento demite por incompetência quando necessário. Neste caso do Bilene pelo menos 10 Ministérios mais “próximos” ao problema encontram-se na linha da frente na defesa e preservação das Nossas Praias e MEIO-AMBIENTE: -
1º Visado – MDP; Ministro do Desenvolvimento e Planificação – Aiuba Cuereneia. (Planificação ???)
2º – MCAA; Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental – Luciano de Castro. Um Ministério a ser repensado visto “ninguém, respeitar” os estudos de Impacto Ambiental em Moçambique para ”inglês” ver e “alimentar” muitos projectistas. Talvez uma Secretaria de Estado do Ambiente na Presidência.
3º – MP; Ministro das Pescas – Cadmiel Muthemba. Pescas com sinais de “exaustão” na biodiversidade marítima na Costa de Moçambique. Ausência de uma POLÍCIA de Pescas contra a “pirataria”. Vice-ministro das Pescas – Victor Manuel Borges. Cargo excedente a substituir por uma forte e competente Direcção – geral de Pescas e Fiscalização.
4º – MT; Ministro do Turismo – Fernando Sumbana. Necessidade de Milhares de mini – projectos económicos pela costa e interior – Turismo Ecológico – Cinegético e Histórico-Cultural, num MEIO -AMBIENTE Limpo e NATURAL com SEGURANÇA. Turismo não é somente Hotelaria de luxo.
5º – MS; Ministro da Saúde – Paulo Ivo Garrido. A catástrofe do Bilene é também uma questão de Emergência na SAÚDE PÚBLICA em termos de Prevenção – Higiene e Profilaxia.
6º – MA; Ministro da Agricultura – Tomás Mandlate. Alerta para a possível erosão e desertificação do Bilene e ocupação de terrenos aráveis.
7º – MEC; Ministro da Educação e Cultura – Bonifácio Aires Aly. EDUCAÇÃO CÍVICA permanente para CULTURA do Respeito ao MEIO-AMBIENTE.
8º - M.I; Ministro do Interior – José Pacheco. Urgente uma Polícia Marítima.
9º – MD; Ministro da Defesa – General Tobias Dai. Promoção de Marinha de Guerra com helicópteros.
10º – MAC; Ministro dos Antigos Combatentes – General Feliciano Gundana. Enquadrar com formação adequada e remunerada, antigos combatentes na fiscalização das Praias.
Não há dinheiro para aplicação disto tudo! “Só pra dizer”? Então o Governo que se demita! JC.
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/03/crnica_da_praia_1.html