Vera Magarreiro (texto) e João Relvas (fotos), enviados da Agência Lusa São Tomé, 26 Mar (Lusa)
Cerca de 10 por cento dos 70.849 eleitores são-tomenses estavam inscritos nas assembleias em que as eleições legislativas de hoje foram boicotadas, levando a que o escrutínio tenha de ser realizado no próximo domingo, em 13 localidades.
De acordo com o presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), José Carlos Barreiros, os boicotes registaram-se em 13 localidades de três dos sete distritos do país, numa dimensão precedentes em São Tomé e Príncipe. A estas 13 localidades correspondem 7.846 eleitores.
Entre os locais envolvidos contam-se Almeirim e Gambôa (distrito de Água Grande, que inclui a capital, São Tomé), e sete localidades no distrito de Mezochi (Caixão Grande, Lemos, Obolongo, Kissindá,
António Soares, Monte Café e Santa Margarida) que, segundo o presidente da CEN registou os casos mais "preocupantes".
No distrito de Cantagalo, as eleições foram também boicotadas em Pedruma, Gomes, Quimpo e Colónia Açoriana.
Em Almeirim, populares afirmaram à Agência Lusa que o boicote teve a ver com as carências locais, nomeadamente, o mau estado das estradas e a falta de luz e água.
Na maioria das localidades em que a votação foi boicotada, as estradas foram cortadas, impedindo os veículos da CEN de fazer chegar o material às assembleias de voto.
Estes protestos foram criticados pelo o Presidente da República são-tomense, Fradique de Menezes, e pelos líderes dos principais partidos que, depois de votarem incentivaram os eleitores a fazer o mesmo.
Embora reconhecendo a legitimidade de algumas reivindicações, os dirigentes políticos defenderam que a melhor maneira de protestar "é através do voto".
A dimensão dos boicotes levou Guilherme Posser da Costa, líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social- Democrata (MLSTP-PSD, governo cessante) a convocar uma conferência de "urgência" pelas 15:30, antes encerramento das urnas, para responsabilizar os "adversários" pelos protestos, chamando a atenção para o facto destes terem ocorrido em zonas de grande implantação do MLSTP, ou onde o partido subiu durante a campanha.
Entretanto, as urnas encerraram às 18:00 locais (19 em Lisboa) e os votos já começaram a ser contados, devendo os primeiros resultados oficiais ser divulgados ainda hoje.