Governo ainda não sabe qual produto polui a água
- governador promete conclusões até sexta-feira mas, vai dizendo que “as espécies marinhas morreram de falta de oxigénio” e não do produto derramado
(Maputo) O Governador de Gaza, Djalma Lourenço, disse ao «Canal de Moçambique» que até à próxima sexta-feira, 31 de Março, o governo provincial vai anunciar as conclusões da comissão de inquérito que investiga a ocorrência do derrame de substâncias tóxicas penetraram pelo canal que liga o Oceano Índico à Lagoa/Baia do Bilene, assunto que reportámos há dias (Canal n.º 29, 17 Março).
“Até sexta-feira serão conhecidos os resultados da investigação daquelas substâncias que apareceram nas águas da Praia de Bilene”, prometeu o governador.
Segundo o chefe do executivo provincial de Gaza, as autoridades ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre o tipo nem a origem dos produtos que poluíram por completo a praia de Bilene que continua interdita à pesca a banhistas.
Djalma Lourenço disse que a equipa de investigação do sucedido é constituída por técnicos do «MICOA» (Ministério de Coordenação Ambiental) e “peritos sul-africanos”.
Entretanto, o «Canal» apurou que a praia continua como a natureza a deixou ao empurrar para as suas areias o produto ainda não identificado. Não há qualquer esforço para se proceder à remoção dos resíduos do produto derramado. Interrogámos o governador sobre a passividade instalada no local e que só revela, em última instância, um total desleixo das autoridades e uma insensibilidade extrema para com assuntos que afinal são de importância vital para o Bilene porquanto é sabido que vive essencialmente do Turismo e é daí que provém a grande receita com que se consegue manter sem ajudas externas. O governador alegou que está tudo parado “por falta de meios”.
Consideráveis produtos do mar têm dado à praia mortos, fenómeno que é associado ao produto ainda não identificado se bem que já tenham passado mais de dez dias desde que se deu aquele desastre ecológico. O governador no entanto contesta e alega que a morte daquelas espécies marinhas sejam resulta do do produto que penetrou na Lagoa/Baia do Bilene proveniente do Oceano Indico. Para Djalma Lourenço a morte dos peixes e mariscos que ali está a ocorrer sem que haja notícia de antecedentes semelhantes “deve-se à falta de oxigénio e às elevadas temperaturas que se têm feito sentir na província”.
“Tivemos um calor intenso nos últimos dias que causou falta de oxigénio, do que viria a resultar a morte de muitas espécies marinhas”, afirmou o governador com uma convicção de espantar.
“Não é verdade que aquelas espécies tenham perecido devido àquelas substâncias que apareceram nas águas. Eles, os mariscos, sucumbiram devido à falta de oxigénio, resultante dum calor intenso que se abateu sobre a província nos últimos dias”, acrescentou Djalma Lourenço. A fonte sublinhou que as investigações para se apurar a origem da tal substância, ainda não identificada apesar de logo que o desastre ocorreu terem sido obtidas amostras da água e levadas para algures, estão ainda em curso e deverão terminar esta semana.
Fontes da Administração Marítima revelaram já que o produto que tem estado a matar as espécies marinhas e a impedir que os banhistas façam uso daquelas maravilhosas praias do Biliene foi derramado de uma embarcação já identificada e cujo nome poderá vir a ser anunciado pela Comissão de Inquérito se alguma vez for dada a possibilidade aos cidadãos preocupados com a ocorrência de poderem vir a dispor oficialmente dessa informação.
É costume em Moçambique os responsáveis por ocorrências que se vão registando anunciarem comissões e nunca mais darem a conhecer os resultados das suas diligências.
S. Macanja - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 26.03.2006