Por se envolver na soltura de França Romão
O Grupo Gestafarma, Gestão de Farmácias - Limitada, acusa a delegação consular de Portugal, na província de Nampula, de estar a proteger “cidadãos portugueses criminosos”, alegadamente por ter desempenhado um papel importante na libertação de António de França Romão, mediante pagamento de uma caução de 25 milhões de meticais.
Numa carta enviada ao Cônsul Geral de Portugal, em Moçambique, o grupo protesta contra a actuação da delegação consular em Nampula, afirmando que esta “se imiscuiu de forma rude e grotesca” numa matéria de foro criminal, armando-se não em justiceira mas em mercenária em nome da libertação de um delinquente, em prejuízo deliberado de uma entidade idónea”.
O protesto da Gestafarma tem como móbil as afirmações de António França Romão feitas à Televisão de Moçambique a 17 de Dezembro passado, nas quais este agradecia o empenho do consulado português em Nampula, o qual resultou na sua soltura da cadeia.
“Só pelo simples facto de a delegação consular não ter desmentido as afirmações de França Romão, levou a que o Grupo Gestafarma entendesse que aquela vem em defesa de supostos cidadãos portugueses criminosos”.
O grupo adianta que “em vez de a delegação consular se atarefar em saídas em defesa sabe-se lá de que entidade consular portuguesa estaria a prestar admirável serviço à Nação, se os entregasse à justiça (criminosos) com quem a esmagadora maioria tem contas a saldar”.
“Não creio que o papel do Consulado Português em Nampula seja tirar criminosos da cadeia”, sublinha o Grupo Gestafarma, para quem não constitui segredo para ninguém que Moçambique está “superlotado de maus imigrantes portugueses”.
“Não é a primeira vez que a delegação consular de Nampula se manifesta hostil às questões desta empresa”, diz a Gestafarma, apontando um suposto caso de tentativa de burla ocorrido em 2003, envolvendo o grupo e militares afectos à Cooperação Militar Portuguesa, em Nampula.
“Esse assunto é sério” -diz a cônsul honorária
Contactada a cônsul honorária portuguesa em Nampula, a senhora Milú para ouvir os seus comentários em torno das acusações do Grupo Gestafarma, considerou-as de “muito sérias”.
“Tive conhecimento de que a Gestafarma escreveu essa carta ao cônsul geral. Essa é uma questão muito séria”, disse Milú.
A cônsul alegou não dispôr de tempo para tecer mais comentários, pedindo-nos para que enviássemos as perguntas por escrito, pedido esse aceite por este jornal.
Na Quarta-feira, dia 8 de Março, levámos, em mão, as perguntas em número de cinco. Dois dias depois voltámos para os escritórios da cônsul, mas esta ainda não se tinha dignado a respondê-las.
Na Terça-feira da última semana, contactámo-la de novo, pelo telefone, mas em vão por “indisponibilidade de tempo”.
Vasco da Gama
ZAMBEZE - 23.03.2006