Renamo afirma
A Renamo denunciou hoje que o deputado José Mascarenhas, morto este mês a tiro na cidade moçambicana da Beira, província de Sofala, tinha recebido ameaças de morte da Frelimo.
«O deputado estava a sofrer ameaças do partido do poder, pois, antes da sua morte, enviou mensagens (via telemóvel) a alguns amigos queixando-se de ameaças por patifes da Frelimo», disse o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
«Infelizmente, as referidas mensagens enviadas a três deputados à Assembleia da República da bancada da Renamo não referiam as razões» da alegada perseguição política, disse.
Afonso Dhlakama falava aos jornalistas em Manica, Centro de Moçambique, onde realiza uma visita para apurar os efeitos do sismo, que abalou algumas regiões moçambicanas, no passado mês de Fevereiro.
Antes da sua partida para a Beira - prosseguiu - uma das secretárias da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República presenciou uma discussão via telefone em que Mascarenhas afirmava, aos berros, não ter medo da morrer».
José Mascarenhas, cidadão português nascido há 52 anos em Tomar, vivia em Moçambique e era deputado da bancada parlamentar da Renamo-União Eleitoral, desde 1994.
O corpo de Mascarenhas, com marcas de bala e despido, foi encontrado no princípio deste mês numa praça da Beira. Só dois dias depois a família conseguiu identificar o corpo na morgue daquela cidade.
A Renamo criou uma comissão para ajudar a investigação da Polícia no processo da morte do deputado.
A este propósito, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse hoje à Lusa que o seu partido ainda não tem dados sobre a investigação, mas acusou o partido no poder de estar por detrás da morte do deputado.
«Nós somos vítimas nesse processo democrático. A Frelimo não nos suporta e não nos quer por nada», disse.
«Já na semana passada, um membro sénior da Frelimo, em Maputo, afirmou que a intenção do partido no poder é eliminar a Renamo. Nós sentimo-nos ameaçados com essa situação, mas continuaremos a usar todos os meios democráticos para os combater», assegurou Mazanga.
EXPRESSO AFRICA - 22.03.2006