A ministra do Trabalho de Moçambique, Helena Taipo, ordenou o encerramento de dois estabelecimentos comerciais pertencentes a cidadãos chineses, por alegada agressão física a trabalhadores e violação da legislação laboral, na cidade de Quelimane, centro do país.
Um comunicado de imprensa do Ministério do Trabalho de Moçambique refere que Helena Taipo mandou fechar as firmas Monte de Ouro e Irmãos Comércio Kodak, após receber denúncias de que os gerentes dos dois estabelecimentos agrediam fisicamente e insultavam os seus empregados.
Numa visita de surpresa realizada ao primeiro estabelecimento, na capital da província da Zambézia, a titular do pelouro do Trabalho recebeu queixas de que a entidade patronal obriga os trabalhadores a despirem-se, para encontrar possíveis bens roubados.
Na mesma loja, os empregados eram forçados a tirar para fora do estabelecimento sacos de dejectos humanos pelo facto de as casas de banho não estarem a funcionar, segundo a mesma nota de imprensa.
«O encerramento das referidas empresas foi imediato, mas com um carácter temporário, devido a factores sociais dos trabalhadores, podendo a reabertura acontecer mediante um pedido de desculpas públicas aos trabalhadores e à população da Zambézia, em geral, pela parte da entidade patronal», refere a mesma nota de imprensa.
As queixas de maus tratos sofridos por trabalhadores moçambicanos às mãos de empregadores chineses não são novas, sendo mais frequentes na construção civil, onde os empreiteiros chineses estão a ganhar algum terreno, face a empresas sul-africanas e portuguesas, que antes tinham o monopólio do sector.
Noutras cinco empresas que visitou em Quelimane, a ministra moçambicana do Trabalho apurou casos de racismo, cárcere privado, insultos racistas, pagamento de salários abaixo do ordenado mínimo nacional, entre outras sevícias, aponta o Ministério do Trabalho.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 23.03.206
NOTA:
Será que é preciso ser a própria Ministra a desempenhar as funções de inspecção? Não há inspectores do trabalho e segurança social para isso? Ou a sua credibilidade e isenção são postas em dúvida? Ou teria sido a Senhora ministra que para "mostrar trabalho" ordenou que os mesmos não interviessem de imediato para ser ela a fazê-lo, claro que consoante a disponibilidade da sua agenda? E então "casos de racismo, cárcere privado, insultos racistas, pagamento de salários abaixo do salário mínimo nacional, entre outras sevícias", segundo o próprio ministério, não são motivo para actuação imediata, incluido a divulgação do nome dos responsáveis?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE