O Fórum dos ex-trabalhadores moçambicanos na antiga RDA expulsou o seu líder, Alberto Mahuaie, por alegados desmandos, mas aquele responsável refuta as acusações afirmando-se de vítima de uma cabala e de ameaças de morte.
Alberto Mahuaie é acusado de tomar decisões unilaterais relativamente aos pagamentos, pelo Governo moçambicano, de mais de 40 milhões de euros de indemnizações referentes a descontos feitos pelo ex-trabalhadores para a Segurança Social de Moçambique e de indemnização pela rescisão unilateral dos seus contratos de trabalho naquele país.
O grupo considera ainda o líder responsável pela suposta venda aos sócios de 20 por cento das acções de participação num banco de micro-finanças, recentemente atribuídas pelo executivo moçambicano.
As acções do grupo na Socremo, a instituição bancária de empréstimos para pequenos negócios, também participada pelo Banco Alemão de Desenvolvimento (KFW), correspondem a 604 mil euros.
Alfedo Cossa, líder interino do grupo vulgarmente conhecido por "madgerman", disse que, nos últimos tempos, Mahuaie tem-se recusado a comparecer nos encontros semanais do fórum, num jardins de Maputo, e descreveu a atitude como "falta de respeito para com os colegas".
"No passado dia 15 de Março pedimos um encontro com o líder, e, ele não compareceu alegando que nada tinha a informar ao grupo", disse o líder interino.
Cossa referiu que a eventual decisão unilateral da venda das acções foi feita mediante um ofício enviado ao Ministério do Trabalho de Moçambique, instituição que está a proceder o pagamento do subsídio a parte dos ex-trabalhadores.
Reagindo, Alberto Mahuaie negou as acusações, considerando "ilegal" a decisão do grupo de o expulsar do fórum.
"O fórum está juridicamente registado. Os autores desta decisão não têm legitimidade para a tomar", considerou.
"O fórum vai continuar a trabalhar de forma formal", assegurou, acrescentando: "posso ser destituído, mas tem que ser dentro das normas".
Mahuaie denunciou que alguns elementos do grupo estão a proferir ameaças de morte aos restantes membros que o apoiam, exemplificando com a coação de assinatura de uma carta pelo "grupo dos agitadores descontentes" para legitimar a sua expulsão do fórum.
No princípio da década de 90, os "madgerman" viram seus contratos rescindidos após a queda do muro de Berlim e posterior unificação da Alemanha.
Anos depois do seu regresso a Moçambique, o grupo passou a realizar manifestações de rua, em todo o país, protestando contra a recusa do governo moçambicano de pagar o subsídio.
A reclamação dos 16 mil moçambicanos, que trabalharam desde os anos 80 na antiga na Alemanha Democrática, dura há década e meia.
Em 2005, o Governo decidiu pagar mais de 40 milhões de euros ao grupo de indemnização pelos descontos feitos na ex-RDA e anunciou a cedência da parte das acções naquela instituição bancária, que os está a dividir.
Recentemente, o executivo moçambicano considerou encerrado o processo de pagamento dos subsídios.
NOTÍCIAS LUSÓFONA S- 24.03.2006