Moçambique está a entrar na rota dos combustíveis “verdes” e perfilam-se já projectos que ultrapassarão os 200 milhões de USD em investimentos. Na óptica dos interessados em investir em combustíveis biológicos, o passo decisivo o governo moçambicano ainda não deu. Trata-se de legislar isenções fiscais que permitam tornar rentável a produção.
O desenvolvimento da produção deste tipo de combustíveis poderá diversificar os rendimentos da indústria açucareira e reduzir a dependência das importações de petróleo, para além dos milhares de postos de trabalho que proporcionará. São vários os projectos de capitais moçambicanos, portugueses e sul-africanos já desenhados para produção de combustíveis biológicos em Moçambique. Todos eles estão destinados a áreas na região de Maputo. Sabe-se no entanto que no país as terras mais propícias para a produção agrícola que permita os fins desejados concentram-se nas províncias do centro, designadamente Sofala e Zambézia.
A empresa sul-africana «Mozambique Biofuel Industries» (MBI) está à procura de um parceiro agrícola para investir na produção de combustíveis biológicos em Moçambique. Trata-se do quarto projecto do género a ser conhecido nos últimos dois meses, segundo a «Macauhub».
Johan Horak, director da «MBI», afirmou quarta-feira à imprensa sul-africana que a empresa tem um acordo com o governo moçambicano para plantação de 500 mil hectares de oleaginosas, a usar na produção de etanol.
Para lançar a plantação, estima a «MBI», será necessário um investimento de perto de 17,5 milhões de dólares.
Os projectos de produção de etanol têm vindo a despertar grande interesse da parte de investidores sul-africanos, devido à vantagem de custos em relação à gasolina, cujo preço tem vindo a subir ininterruptamente nos últimos anos.
Ainda este mês, a petrolífera estatal moçambicana «Petromoc» e uma cooperativa agrícola de origem sul-africana «Cofamosa» anunciaram que vão investir 125 milhões de dólares numa unidade industrial de fabrico de biodiesel a partir de cana-de-açúcar, no distrito de Moamba.
Este anúncio seguiu-se ao do grupo português «Nutasa», que, conforme noticiou o «MacauHub», vai investir numa unidade do mesmo género na região de Maputo, aguardando apenas que o governo conceda isenção fiscal a este género de combustíveis, para tornar a produção rentável.
Mais recentemente, o governo moçambicano revelou que vai investir cerca de 14 milhões de dólares numa fábrica de biocombustíveis na província de Maputo e está a preparar outra unidade para exportar para a União Europeia.
O desenvolvimento da produção de combustíveis “verdes” em Moçambique contribuirá para diversificar os rendimentos da indústria açucareira e reduzir a dependência das importações de petróleo.
(Redacção com «Macauhub») - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 31.03.2006