... e diz que a companheira do malogrado prestou falsas declarações á PIC.
A família do malogrado director da Cadeia Central de Maputo, Jorge Microsse, assassinado no dia 21 de Outubro de 2005, denunciou junto à PGR e ao Ministério do Interior alegados actos de corrupção praticados por alguns magistrados afectos ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.
Num outro desenvolvimento, os parentes do finado manifestaram-se apreensivos pelo facto de a Polícia de Investigação Criminal (PIC) ter soltado a senhora que se fazia transportar na viatura do finado, no momento inicial das investigações que culminaram com a detenção do trio ora enclausurado nos calabouços do Comando da PRM, ao nível da Cidade de Maputo.
Segundo apuramos, na primeira missiva datada de 11 de Janeiro de 2006 e dirigida ao guardião da legalidade, a família de Microsse afirma que, em vida, o malogrado reclamava pelo mau relacionamento que tinha com alguns magistrados do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, instituição que detém o maior número de detidos e condenados em reclusão na Cadeia Central de Maputo.
`No exercício das suas actividades, sob o ponto de vista técnico e profissional, sempre pautou pela seriedade, luta anti-corrupção, anti-suborno, doutrina esta que aprendeu nas Forças Armadas de Moçambique, instituição que não pactua com a prática da corrupção e do crime organizado´, sublinha a missiva, que acrescenta que Jorge Microsse, no exercício das suas funções, devolveu mandatos de soltura forjados, emitidos pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.
Estes factos, de acordo com a fonte, poderão ser confirmados pelo então chefe do Departamento de Controle Penal da Cadeia Central de Maputo, Inácio Mackford, arguido no Gabinete Central de Combate à Corrupção, indiciado de tentativa de extorção de 10.5 milhões de Meticais ao recluso João Alberto Cassimo.
Em consequência da devolução daqueles mandatos de soltura, o finado passou a receber ofertas directas de avultadas somas monetárias, com vista a facilitar a soltura de cadastrados em reclusão na Cadeia Central de Maputo e na catalogada Brigada Operativa da Machava.
`O malogrado passou a receber ameaças de morte, o que foi denunciado publicamente nos órgãos de Comunicação Social nacional e estrangeira´, elucida a fonte, para, em seguida, acrescentar que Jorge Microsse nunca recebeu protecção do Ministério da Justiça, instituição que tutela a Cadeia Central de Maputo.
A família do finado acredita que os executores daquele oficial na reserva das FADM foram soltos poucos meses antes da consumação do crime, através de solturas emitidas pela Décima Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, considerada o epicentro das negociatas de solturas condicionais sob termo de identidade e residência.
Para o sucesso das investigações, segundo a família, o Ministério Público deve solicitar processos e mandatos de soltura de cadastrados que se encontram sob a custódia policial, incluindo os de soltura emitidos pela Décima Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.
Num outro desenvolvimento, a família do antigo director da Cadeia Central de Maputo enviou uma missiva, datada de 25 de Janeiro de 2006, ao Ministério do Interior, manifestando o seu desagrado pelo facto de a PIC ter solto, antes das investigações, a senhora que se fazia transportar na viatura do finado, no momento do crime.
Os parentes do finado apelaram ao titular do Interior que seja feita uma investigação minuciosa, para que a senhora apresente uma testemunha que compreve a existência de uma relação íntima entre ela e Microsse há mais de dez anos e qual era a rotina do par nos últimos anos.
Alvarito de Carvalho - ZAMBEZE - 30.03.2006