Niassa
«Stancom» consegue cobrar apenas 35% do crédito concedido aos produtores
A produção de tabaco na província de Niassa, corre o risco de cair 10% abaixo das seis mil toneladas estimadas para este ano, devido à chuva ter ocorrido tardiamente, anunciou uma das tabaqueiras ali estabelecidas, a «Stancom Ltd».
Dados fornecidos pelo director executivo daquela firma, engenheiro Valder Grein, sugerem que a ausência de chuva em tempo certo destruiu pelo menos 700 hectares de mudas de tabaco no Niassa.
“A queda tardia das chuvas, vai resultar na perda de 10% de produção de tabaco este ano”, disse Grein ao «Canal».
Grein está em Maputo para participar na Conferência anual do Sector Privado que ocorrerá esta semana, organizada, como habitualmente, pela Confederação das Associações Económicas (CTA), com o objectivo de facilitar o diálogo entre o governo e o sector não vinculado ao Estado com o propósito de se encontrarem plataformas de entendimento que proporcionem soluções para os problemas que afectam o desenvolvimento do sector e do país.
A província do Niassa é habitada por cerca de um milhão de habitantes e tem actualmente a cultura de tabaco como uma das suas principais actividades e fonte de receita.
O director executivo da «Stancom» considera que a sua firma planificou para este ano 6.500 hectares de tabaco, envolvendo cerca de dois mil produtores em regime de extensão rural e de fomento desta cultura de rendimento.
Ele refere que os camponeses não tiveram água suficiente para rega das plantações. “Os camponeses envolvidos na produção de tabaco não tiveram água para irrigações, o que reduziu o número de mudas para o transplante”.
“Agora, devido a esse problema, estamos a prever uma perda na ordem de 10% na produção deste ano”, repetiu.
“Quando falamos de 10% alguém pode pensar que isso não significa nada, mas como fomentadores esta perda corresponde a mil toneladas e isso é muito e pode causar grandes prejuízos financeiros nas nossas operações”, considerou.
Diversificação de culturas
Entretanto, a fonte refere que, para os camponeses não passarem fome, a sua instituição tem vindo a sensibilizar os produtores envolvidos na cultura de tabaco, no sentido de diversificarem a sua produção, devendo, neste caso, passarem a produzir outros produtos do género alimentício para assegurar a sobrevivência das suas famílias.
“Nas safras anteriores, a maior parte dos produtores estava concentrada só na cultura de tabaco, porque através desta cultura iriam tirar benefícios para o sustento das suas famílias. Mas agora que a produção de tabaco está para cair, aconselhámos a produção doutras culturas de alimentação básica”, disse Grein.
Fuga de produtores
Num outro desenvolvimento ele afirmou ainda que a sua empresa tem estado a registar que parte considerável dos produtores de tabaco do sector familiar beneficiários de insumos agrícolas fornecidos pela sua firma em forma de crédito não honram os compromissos assumidos que consistem, uma vez recebidos os insumos fornecidos pela empresa, em produzir e depois vender a produção à empresa.
Ao longo do ano passado – sublinha – a empresa que dirige, registou fracos resultados na recuperação dos créditos aos produtores, ao cobrar apenas 35% do concedido.
Os produtores baseados naquele ponto do país, depois de receberem o crédito das entidades credoras, poucos honram o compromisso de devolver.
O director executivo da «Stancom» destaca que a sua firma, para além de fomento de tabaco, está a desenvolver um projecto de preservação da natureza, que consiste em reflorescimento de diversas áreas que ao longo do tempo sofreram abates de árvores para aproveitamento de madeira e fabrico de carvão vegetal.
Para conseguir concretiza esta iniciativa, diz a fonte que foram preparadas quatro mil mudas de diversas espécies florestais, com destaque para eucaliptos e bambus que serão plantadas em alguns distritos onde a «Stancom» está estabelecido, nomeadamente Lago, Lichinga, Mavago e Majune.
S. Macanja - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 26.03.2006
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/08/aliiance_one_de.html