O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Angola, e o comandante da Força Aérea estão em rota de colisão
25 de Fevereiro de 2006. A 50 quilómetros a Norte da capital do País cai um helicóptero da Força Aérea. Balanço: treze mortos, igual número de feridos e quatro desaparecidos. Estava aparentemente tudo dito, incluindo a recente informação sobre as verdadeiras causas da detenção preventiva do comando do Regimento de Helicópteros (RH). O resto era de consumo apenas para uns poucos: o mistério de alguns mortos (que ainda não se sabe se foram mortos depois de estarem já sem vida ou antes disso) resolver-se-ia no mais silêncio tumular do segredo dos meios castrenses e não só.
Contudo, no meio de tudo isso, só já não é segredo, por ser demais evidente, que o chefe do Estado-Maior das FAA, general Agostinho Nelumba (Sanjar) e o comandante da Força Aérea, general Pedro Neto, estão, neste momento, como que duas pedras desavindas no mesmo tabuleiro, o que reclama um posicionamento do comandante em chefe das FAA, José Eduardo dos Santos.
O NL apurou junto de fonte militar da Força Aérea que entre as 13 vitimas mortais resgatadas dos destroços do helicóptero do tipo MI 17 de fabrico russo, que caiu dia 25 de Fevereiro de 2006, na zona marítima do Yende (Barra do Dande, a 50 quilómetros a Norte de Luanda), havia corpos crivados de balas.
Os responsáveis do Regimento de Helicópteros e o pessoal que participou na operação de resgate, segundo a mesma fonte, não conseguiu, até ao momento, descalçar a bota ante à comissão de inquérito para explicar o aparecimento estranho de corpos furados com balas no local da queda do aparelho.
A referida fonte revelou que, na antiga Base n.º 1, entre os oficiais o moral anda em baixo e a revolta (in)contida em cima pelo facto de o comandante da Força Aérea, general Pedro Neto não se ter mostrado solidário com os oficiais que Agostinho Nelumba (Sanjar) mandou para dentro, estando ainda de fora o comandante do Regimento Aéreo de Transportes (RAT).
Oficiais da Força Aérea contactados pelo NL dizem que a inacção de Pedro Neto e a decisão de Agostinho Nelumba (Sanjar), consubstanciada na detenção do comando do RH e, possivelmente, nos próximos dias do comandante do RAT, sem ter nem achar o primeiro, denota falta de coesão entre os dois generais.
A Base Aérea n.º 1 tem sido, segundo consta, gerida a "pontapé" pelo facto Agostinho Nelumba (Sanjar) e Pedro Neto desentenderem-se relativamente à ordem que se precisa no "quintal" que alberga, o Regimento de Helicópteros (RH), Regimento Aéreo de Transportes (RAT) e a Base Aérea do Negage (BAN).
Entretanto, negligência na segurança de voo e no serviço interno do helicóptero acidentado foi o pretexto do invocado pelo chefe de Estado Maior das FAA para que ordenasse a detenção preventiva, há cerca de um mês, do comando do RH, o chefe das operações e mais seis oficiais superiores na Unidade da Polícia Judiciária Militar em Luanda.
Jorge Eurico - NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 29.03.2006