Museu da Revolução
“Desde 1984 que não é reabilitado” - director Adriano Mariquele
O Museu da Revolução, paragem obrigatória de todas as delegações no tempo do «socialismo científico» implantado na Av. 24 de Julho em Maputo – mesmo ao lado do hoje esplendoroso e bem conservado edifício ismaelita de «Sua Alteza Aka Khan» e da «Igreja Universal do Reino de Deus» – encontra-se praticamente “abandonado” e a apodrecer aos bocados. A degradação vai tomando conta do seu edifício à medida que os dias vão passando sem que alguém se preocupe em locar verba para a sua reabilitação.
O seu director, Adriano Mariquele, diz mesmo que desde 1984 que não há um metical para a manutenção do templo que guarda a herança viva dos heróis da Luta Armada de Libertação Nacional.
O edifício possui quatro pisos. As escadas apresentam os corrimãos danificados. Quase todos os vidros das suas janelas estão partidos. As casas de banhos estão danificadas. As paredes das salas apresentam fissuras. Há infiltração de água. E o mais sintomático, conforme testemunhámos, quando passam viaturas pesadas pela avenida a que dá a fachada, o edifício treme.
O director do Museu, Adriano Mariquele, em entrevista ao «Canal de Moçambique» diz que aquele património cultural desde 1984 que não é reabilitado, razão pela qual apresenta o actual estado miserável.
Aquele edifício que contém parte da história da «Frente de Libertação de Moçambique» e da própria luta anti-colonial. Ninguém liga àquilo. Está a deteriorar-se dia após dia.
O director afirma que o edifício precisa de uma reabilitação de raiz. Quanto muito o governo devia prestar mais atenção a trabalhos de manutenção de rotina às estruturas físicas do «Museu da Revolução». Mas nada disso acontece desde 1984. Dois anos depois morreu Samora Machel.
A degradação não afecta apenas a estrutura do edifício como também atinge os materiais expostos.
Mariquele disse ainda ao «Canal» que a estrutura das vitrinas que protegem as fotografias, brochuras, fardamentos e armamento militar expostos, também não se encontra em bom estado de conservação, “razão pela qual o material nele contido está deteriorar-se”.
Segundo o director do Museu as obras expostas estão a ser conservadas de uma maneira não convencional, ou seja, grosso modo, “ao jeito da imaginação dos funcionários porque os produtos que deveriam ser aplicados quer no papel, pau e tecidos não existem”.
No rol dos problemas que o museu está atravessar Mariquele vincou ainda a falta de condições de trabalho, equipamento e segurança dos funcionários. Segundo ele existem vezes que estes ao fazerem limpeza das vitrinas ficam intoxicados com poeiras devido à antiguidade do material exposto. Mais grave ainda, sem o tratamento adequado.
Para Mariquele, caso o actual cenário persista o museu vai deixar de existir. “Assim com essas dificuldades todas corremos o risco de fechar os museus”.
De acordo com a nossa fonte, o problema existente no «Museu da Revolução» não afecta unicamente aquela instituição mas, sim, a todos os outros museus do país.
“O nosso País está atravessar problemas graves com relação a manutenção e reabilitação de raiz do património cultural existente nos nossos museus”.
“Os nossos museus têm problemas graves de manutenção e reabilitação”, realçou.
“O governo deve injectar dinheiro para pelo menos conservarem-se de uma melhor forma as obras do Museu da Revolução”.
Não obstante a situação, o director do Museu da Revolução mostrou-se ainda mais preocupado com os problemas referentes ao edifício, mais concretamente, às fissuras nas paredes, infiltração de água, casas de banho danificadas, vidros partidos, paredes a escamar das salas de exposição de obras e alguns corrimões das escadas partidos.
Enquanto isso
O director do Museu de História Natural, Luís Cabral, disse num outro desenvolvimento que os museus, incluindo o que dirige, têm muitos problemas que disse acreditar não vão ser resolvidos a curto prazo porque “o dinheiro desembolsado não dá para custear” os trabalho de manutenção, reparação rotineira e reabilitação.
(Conceição Vitorino) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 11.04.2006