Os "chapas", transportes colectivos privados de Moçambique, não circularam hoje no concorrido troço Maputo- Matola, em protesto contra a concessionária da via por esta ter suspendido o desconto de 40 por cento no preço da portagem.
O boicote dos "chapas", o segundo em menos de dois meses, está a criar sérias dificuldades de transporte para os residentes da capital do país e da cidade industrial da Matola, bem como ao escoamento de mercadorias entre as duas cidades.
Os transportadores privados de passageiros decidiram suspender a ligação entre Maputo e Matola, depois da administração da TRAC, a concessionária da estrada, ter recuado na semana passada em relação a um acordo, alcançado a 09 de Março último com os transportadores e o governo, que determinava um desconto de 40 por cento para os "chapas".
O entendimento, agora rejeitado pela TRAC, pôs fim ao boicote de uma semana que os transportadores observaram no início de Março e levou a concessionária a manter os 50 e 60 cêntimos de euro, que as duas classes de transportadores pagam na portagem de Maputo.
A TRAC reduziu de 40 para 38 por cento o desconto aos "chapas" e prorrogou a entrada em vigor deste desconto para 01 de Maio e não 01 de Março, como havia sido acordado no referido entendimento.
"Perante esta falta de cumprimento do acordo, enviámos uma carta à TRAC a 12 deste mês, protestando contra esta posição e como resposta recebemos uma informação no dia seguinte, onde aquela companhia se dizia desapontada em relação à nossa resposta à proposta de desconto de 38 por cento", afirmou Rogério Manuel, presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO).
Perante esta situação, o ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, prometeu que o governo vai tentar encontrar uma solução para a crise.
Em 2005, a empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM), subsidiada pelo Governo, retirou a sua frota do troço abrangido pela referida portagem, por considerar incomportáveis os dois mil euros que pagava pela utilização da via, agudizando a crise de transportes no acesso às cidades de Maputo e Matola.
Os governos moçambicanos e da África do Sul concessionaram à TRAC a estrada Maputo-Witbank, na África do Sul, que inclui o trajecto Maputo-Matola, por um período de 30 anos, para permitir que a concessionária recupere os elevados custos que despendeu na reconstrução da estrada, considerada uma das mais modernas da África Austral.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 18.04.2006