Adensam as informações contraditórias quanto á real situação da praia do Bilene.
Por um lado, o governador provincial, Djalma Lourenço, desde os finais da semana passada que emite incessantes apelos para que o público retome o pleno uso da estância (banho e pesca), quando, em Maputo, funcionários seniores do Ministério da Coordenação da Acção Ambiental e do Instituto Nacional da Marinha contactados demonstram reservas quanto ao aconselhamento das pessoas a desfrutarem daquele litoral, porque dizem estar ainda a aguardar o resultado das análises das amostras que foram enviadas á cidade sula-fricana de Cape Town, através de uma empresa contratada para o efeito, a SGS.
Efectivamente, desde há cerca de três semanas que a praia do Bilene está interdita á actividade pesqueira e turística, nomeadamente a frequência de banhistas, em virtude de não se saber que causas estariam na origem da poluição que afectou a respectiva lagoa, do que resultou a morte de algas e pescado, bem como complicações na pele de pessoas que mergulharam nas águas sa referida estância.
Para Djalma Lourenço, as águas da lagoa da referida praia não contêm substâncias tóxicas, não constituindo, deste modo, nenhum perigo para a saúde pública. O governador, em declarações em Gaza, cita resultados das análises feitas na vizinha África do Sul pelo Laboratory Services Departmente, a pedido das autoridades locais e operadores turísticos da zona.
Concretamente, as análises feitas na África do Sul e enviadas ao gabinete de Djalma Lourenço, em Xai-Xai, dão conta de que a morte de algas e pescado resultou da falta de oxigêncio na lagoa, devido a mudanças bruscas de temperatura que ocorreram, designadamente altas temperaturas, ventos fortes e frio.
Porém, tanto o MICOA como a INAMAR nada comentaram a propósito desta constatação e distanciaram-se de tais resultados, conquanto advogam que quando eclodiu este fenómeno, técnicos destes dois organismos, incluindo do Centro de Desenvolvimento Sustentável das Zonas Costeiras, um órgão do MICOA, Administração Marítima, Instituto de Investigação Pesqueira e de outras instituições, deslocaram-se ao Bilene e recolheram amostras da água, algas e pescado retirado da lagoa.
`É dentro desta parceria e coordenação que este assunto está sendo tratado. E, a este nível, nós afirmamos que a situação continua ainda por esclarecer. Não recebemos os resultados enviados a Cape Town pela SGS e, mais, pensamos que não é prudente aconselhar residentes locais, turistas nacionais e estrangeiros a usarem uma praia com problemas que ainda não foram diagnosticados por entidades credenciadas´, disse a fonte do MICOA.
Neste ambiente de contradições, o desassossego das populações locais é uma realidade e os operadores turísticos antevêem grande baixa nos seus negócios, com a Páscoa a não constituir nenhuma mais-valia para a sua actividade.
NOTÍCIAS - 04.04.2006