Os fundos disponibilizados por Portugal para se enfrentar os problemas de degradação do «Arquivo Histórico» são insuficientes, mas podem salvar de imediato a difícil situação por que passa o Arquivo Histórico de Moçambique.
Fomos ouvir o doador. A verba não dá para se proceder a uma construção de raiz ou seja de novas instalações, começou por dizer ao «Canal de Moçambique», José Guedes de Sousa representante da Cooperação lusa em Moçambique. Dão para se providenciarem algumas soluções e perspectivar outras, mas não resolvem todo o problema do eficiente e bem afamado «Arquivo Histórico de Moçambique» que peca pelas precárias infraestrutras de que hoje dispõe.
A verba existente é de cerca de “600 mil Euros” e esse valor está sob gestão da «Cooperação Portuguesa» de acordo com Guedes. Segundo ele o valor será aplicado em reabilitação de novas instalações onde passará a funcionar o «Arquivo Histórico» e ainda na reabilitação do depósito de documentos e fotografias no «Campus Universitário» da UEM (Universidade Eduardo Mondlane).
As novas instalações provisórias do «Arquivo Histórico» irão ser em edifícios que serão reabilitados com parte da verba de 600 mil Euros, mas ainda não começaram as obras. Uma notícia dada pela Lusa há um ano atrás dizia que por esta altura certas instalações novas deveriam já estar prontas. Ainda não começaram as obras em algumas, mas já terminaram noutras.
Uma parte dos 600 mil Euros “já foi aplicada” na reabilitação (concluida) do «Centro de Conservação e Preservação de documentos e serviços de digitalização e microfilmagem de imagens, num edifício localizado, na Av. 25 de Setembro, entre a Biblioteca Nacional e a Imprensa Nacional.
De acordo com Guedes com outra parte da mesma verba já se produziu só o projecto arquitectónico do que poderão vir a ser as futuras instalações de raiz do «Arquivo Histórico», se houver um dia dinheiro para isso. Nunca esteve previsto mais do que o projecto na tranche existente.
Os 600 mil Euros, segundo Guedes de Sousa, foram disponibilizados, em Fevereiro de 2005, pelo «Instituto Português de Acção e Desenvolvimento» (IPAD), «Instituto Português» (IP), «Instituto Português do Património Arquitectónico» (IPPAR), «Universidade Eduardo Mondlane» (UEM) – esta moçambicana – e pela «Torre do Tombo». “A gestão foi confiada à «Cooperação Portuguesa»”.
“Nós neste momento atingimos a primeira fase que era a reabilitação do edifício da Avenida 25 de Setembro onde vão funcionar as futuras instalações do Centro de conservação e preservação de documentos e serviços de digitalização e microfilmagem do Arquivo Histórico de Moçambique”, disse Sousa. Acrescentou que com parte da mesma verba de 600 mil Euros, vai-se dar seguimento a outras obras de reabilitação e remodelação de um edifício da “Travessa de Varietá” na Rua do Bagamoio, nas proximidades do Cinema Matchedge, em Maputo, onde vão funcionar as novas instalações-sede do Arquivo Histórico de Moçambique em substituição do actual na Av. Filipe Samuel Magaia.
Segundo de Sousa a segunda fase do projecto inclui a reabilitação da “Travessa Varietá” e o depósito do Campus da UEM. Nenhuma começou. “Estimativas indicam que (depois de iniciadas) vão durar aproximadamente quatro meses, arrastando-se até Dezembro”.
O «Canal» quis saber de Guedes de Sousa se haverá algum dia fundos portugueses para um novo edifício de raiz para o Arquivo Histórico de Moçambique. Ele disse existir, neste momento, apenas o projecto arquitectónico já desenhado, mas não há verba para construção.
O chefe da Cooperação Portuguesa em Moçambique esclarece que a prioridade foi fazer-se o que se descreveu. Agora vão seguir-se os trabalhos de reabilitação do futuro depósito do Arquivo Histórico de Moçambique no campus da Universidade Eduardo Mondlane, (UEM) e na “Travessa de Varietá”.
A Cooperação Portuguesa vai transformar e apetrechar o edifício localizado no campus da UEM para futuro depósito do Arquivo Histórico de Moçambique de modo a guardarem-se fotografias.
Sousa disse também que neste momento o Instituto Português do Património Arquitectonico, (IPPAR) está a trabalhar na programação da construção do edifício de raiz para futuras instalações do «Arquivo Histórico» conforme o plano arquitectónico já produzido.
Entretanto, o director-adjunto do «Arquivo Histórico», Eugénio Monteiro, disse ao «Canal», que ao nível da sua instituição decorrem contactos com entidades externas com vista a aquisição de equipamentos para o apetrechamento do futuro centro de conservação e preservação de documentos e serviços de digitalização e microfilmagem. Como via alternativa acabarão por usar o equipamento obsoleto, o existente no actual «Arquivo Histórico».
Conceição Vitorino - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 25.04.2006
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/03/arquivo_histric.html