Uma empresa de marketing e publicidade «pertencente ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)», denominada Orion, «tomou de assalto a gestão da Rádio Comercial de Cabinda», revelaram ao Ibinda.com fontes em Cabinda que temem que esta situação vá orientar a linha editorial da emissora, «favorecendo as posições» do partido no poder em Angola.
Com o «regresso da Orion a Cabinda, o nosso ambiente aqui na Rádio tem sido como que um inferno», disseram ao Ibinda.com as mesmas fontes, que pediram anonimato. Os responsáveis da mesma empresa, em parceria com o antigo director da estação, André Filipe Luemba, e com o agora director provincial da Comunicação Social, Pedro Sia, «fazem-nos como que cão de caça para tão-somente embelezarmos o que de mal se passa com o povo Binda», avançaram as testemunhas.
«A tirania deles começou com o afastamento dos nossos antigos colegas», garantiram as mesmas fontes ao Ibinda.com. «Por serem apenas correspondentes de outros órgãos de comunicação, obrigam-nos até a não termos relações de amizade, contra todas as normas de ética, pois somos do mesmo ramo de actividade», acrescentaram.
Com a chegada da Orion à Rádio Comercial de Cabinda, a sua direcção foi imediatamente substituída e «foram logo buscar alguém das fileiras dos camaradas para estar à frente do órgão de comunicação», disseram as mesmas fontes. «Daí, tudo que é por Cabinda e para o povo Binda não pode passar por ordens do `Nando´, que é o senhor e dono da situação», asseguraram.
Estas testemunhas dizem não compreender por que é que o responsável da Orion «mandou embora para casa» pessoas que já trabalham na rádio há mais de três anos, como Alexandre Dinis, filho da primeira secretária provincial da OMA, Ana Filipe e Branca Caculo, esta última locutora em língua ibinda, alegando falta de meios financeiros para os pagar.
«A intifada de Fernando Rebelo, dito Nando, nem pela idade poupou a figura mais emblemática do radiojornalismo no enclave, o velho Pedro Simba, um dos co-fundadores da Rádio, que está proibido de lá entrar a mando deste», lamentaram as mesmas fontes.
«Até nos forçou a transmitir os noticiários da RNA, quando estes têm cinco emissores de FM em Cabinda, três em Tchiwoa e dois no interior um no Mbuco-Nzau e outro no Mbelize», concluíram.
A agência de publicidade e produção audiovisual Orion é considerada em Angola como uma das maiores agências do país. Criada em 1992 como uma SARL, com um capital de 15 mil kwanzas, constitui-se como sociedade anónima cinco anos depois, com um capital de 2,5 milhões de kwanzas.
A criação da Orion coincide com as eleições de 1992, tendo sido esta agência a responsável pela campanha eleitoral do MPLA e seu candidato, José Eduardo dos Santos.
Tem também um contrato de prestação de serviços com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, além de ter sido a agência de campanhas políticas em São Tomé e Príncipe. No seu portfolio, a Orion, além da Expo Angola, tem também como clientes a Fundação Eduardo dos Santos (FESA), fundação do Presidente da República de Angola, e o Governo Provincial de Cabinda.
JORNAL DIGITAL - 22.04.2006