Depois da polémica reforma agrária
Depois da polémica reforma agrária no Zimbabwe que culminou com a confiscação de terras de farmeiros de raça branca e deixou aquele país numa crise económica sem precedentes, Robert Mugabe, não desarma. Desta vez avança para a nacionalização do sector mineiro.
Na última terça-feira, no âmbito das comemorações do Dia da Independência, o presidente zimbabweano anunciou a decisão do seu Governo de nacionalizar 51% das acções sociais das empresas mineiras estrangeiras que operam naquele país. Desses 51%, Mugabe pretende “nacionalizar” sem nenhuma compensação às empresas mineiras, 25%.
“Queremos 51% para o Zimbabwe”, disse Mugabe num comício popular que aproveitou ainda para advertir os seus opositores a não tentarem “brincar com fogo”, na eventualidade de empreenderem acções de contestação às medida do seu Governo.
De acordo com várias notícias veiculadas pela imprensa sul-africana, o desespero é grande entre as companhias mineiras sul-africanas que operam no Zimbabwe. Afinal é a resposta à moderação do governo de Mbeki que acabou em perda de capital social para as empresas sul-africanas no Zimbabwe.
Nos últimos dias accionistas de várias companhias mineiras que operam naquele país desdobram-se em reuniões para a avaliação da medida de Mugabe que teme-se venha ter impacto similar ao ocorrido com o caso de confiscação de terras. Há duas semanas Mugabe havia prometido que o processo de nacionalização seria antecedido de negociações na busca de soluções amigáveis. Fê-lo aquando do encontro que teve com o chefe executivo da «Impala Platium», Keith Rumble.
A «Impala Platium» é a segunda maior companhia mineira mundial produtora de platina. Detêm 86,7% de acções na companhia mineira zimbabweana «Zimplats».
Outras companhias que certamente serão afectadas por mais um desvario de Mugabe, são a sul-africana «Aglo Platinum», a britânica «Rio Tinto», a «Metallon» do sul-africano Mzi Khumalo e outras tantas. Inicialmente, de acordo com a recente legislação mineira anunciada também há dias, estava fixado que no processo de nacionalização as companhias mineiras iriam manter a maioria na respectiva estrutura accionista, estando reservado para Estado zimbabweano até um máximo de 30%. Entretanto, segundo a imprensa sul-africana, na passada terça-feira Mugabe deu o dito por não dito e anunciou que o Estado deveria ficar no processo com a maioria ou então com pelo menos 50%.
O sector mineiro que contribui com 4% do PIB é estratégico na economia zimbabweana. No ano passado rendeu 626 milhões/USD o que representa 44% de ganhos de investimento estrangeiro.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 21.04.2006