Cerca de nove milhões de metros quadrados, quase dez vezes a área de Portugal, foram desminados em 2005 nas províncias de Sofala, Manica e Tete, no centro de Moçambique, anunciou hoje o Instituto Nacional de Desminagem (IND).
A grande quantidade de minas colocadas ao longo dos 16 anos de guerra civil moçambicana, que terminou com o acordo de paz de 1992, tem impedido a população do centro do país de retomar em pleno as suas actividades produtivas, sobretudo a agricultura.
Segundo o delegado do Instituto Nacional de Desminagem no centro do país, Juma Caneiras, três operadores internacionais estiveram envolvidos na limpeza dos nove milhões de metros quadrados na região: a Norwegian People Aid, da Noruega, a Ronco, dos Estados Unidos, e a Handicap International.
A Ronco, envolvida na chamada desminagem comercial, removeu 46 minas anti-pessoal, 413 munições e 53 engenhos por explodir em cinco distritos, numa área de mais de oito milhões de metros quadrados.
Por sua vez, a Norwegian People Aid, com actividade sem fins lucrativos, limpou mais de 570 mil metros quadrados em quatro distritos, desactivando 51 minas anti-pessoal, sete munições e 264 engenhos por explodir, ainda de acordo com o balanço do Instituto.
A Handicap International, que também trabalha na desminagem humanitária, limpou nove distritos numa área de 111 mil metros quadrados, neutralizando 18 minas anti-pessoal, 48 munições e 214 engenhos por explodir.
O centro de Moçambique foi a região mais atingida pelo violento conflito civil moçambicano, por ser ali que se situavam as principais bases da antiga guerrilha da RENAMO.
Para a zona centro foram igualmente destacadas forças de alguns países vizinhos, com o objectivo de protecção do corredor da Beira, que permite o escoamento de mercadorias para os países da África Austral sem acesso a rotas marítimas, como o Zimbabué e Zâmbia.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 05.04.2006