À procura de melhores condições
45% dos moçambicanos com formação universitária residem em países estrangeiros - Banco Mundial (Internactional Migration, Remittance and the Brain Drain)
Moçambique figura entre os países africanos que mais têm sido afectados pela saída de quadros para o mercado do trabalho internacional, especialmente em países desenvolvidos. De acordo com um relatório recente do Banco Mundial (International Migration, Remittance and the Brain Drain), estima-se em 45% a percentagem de moçambicanos com formação universitária que presentemente residem em países estrangeiros. A encabeçar a lista relativa a países com uma população superior a 5 milhões de habitantes, encontra-se o Gana com 47%. A seguir a Moçambique vêm o Quénia com 38%, e Angola e Somália, ambos com 33%.
Já em relação a países africanos com menos de 5 milhões de habitantes, a percentagem é ainda maior, nomeadamente: 67.5% em Cabo Verde; 63.3% na Gâmbia, 56.2% nas Maurícias e 55.9% nas Seicheles.
Segundo um estudo elaborado pela Comissão Global para a Migração Internacional (GCIM), “o êxodo de trabalhadores especializados é um sintoma de profundos problemas económicos, sociais e políticos nos respectivos países, revelando-se particularmente debilitante em sectores como os da saúde e educação.”
No caso de Moçambique, a subvalorização dos quadros nacionais aliada ao facto do mercado de trabalho local não poder dar vazão à oferta, têm sido apontados como as causas fundamentais do problema. O sector laboral moçambicano ressente-se ainda dos efeitos de políticas erradas que remontam ao período colonial, e que o governo da Frelimo não soube corrigir logo a seguir à independência. O congelamento de salários imposto à massa laboral pelo governo moçambicano em plena fase de desenvolvimento económico centralizado, conjugado com o colapso do sector produtivo acabariam por fomentar a emigração de pessoal especializado para países vizinhos, nomeadamente a África do Sul, Swazilândia, privando o país dos poucos quadros que possuía na fase normalmente descrita como a da “reconstrução nacional”.
A economia moçambicana, no entanto, viria a beneficiar das remessas dos emigrantes, à semelhança daquilo que se testemunha hoje em muitos países do Terceiro Mundo. O estudo da GCIM estima em 200 milhões o número de “migrantes internacionais” em todo o mundo e de todo o mundo os quais contribuem de forma significativa para o desenvolvimento económico, político, social e cultural dos seus países mercê não apenas das remessas cambiais, mas também da experiência, hábitos e costumes que os emigrantes adquirem em sociedades normalmente democráticas onde vivem e trabalham.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 25.04.2006