A REPÚBLICA Democrática do Congo (RDC) exportou e importou, desde o ano passado, através do porto moçambicano da Beira, um total de 8923 toneladas de produtos diversos, das quais 8683 são de sucata. Aquele país voltou a utilizar aquela infra-estrutura portuária no ano passado, depois de longo período de interregno motivado pelo conflito armado registado nos Grandes Lagos, facto que culminou com o manuseamento em Moçambique de algumas mercadorias contentorizadas.
Félix Machado, responsável pela área de marketing da Cornelder de Moçambique, gestora do Porto da Beira, considerou, em entrevista ao nosso Jornal, que o regresso da RDCongo contribuiu para o aumento do volume de mercadorias ali manuseadas no ano passado em mais de 12 porcento, o equivalente a uma subida de cerca de 1.400.000 toneladas métricas, para pouco mais de 1.500.000 toneladas. Este indicativo resultou no crescimento do volume da venda de serviços em perto de 30 milhões de dólares, contra cerca de 23 milhões em igual período anterior. Assim, o lucro líquido obtido neste período foi de 5.9 milhões de dólares, contra os anteriores 2.9 milhões de dólares. Machado lamentou, no entanto, alguns constrangimentos com que o Porto da Beira se debate, nomeadamente a crise económica zimbabweana, as condições técnicas do canal de acesso que não permitem a entrada de navios de grande porte, bem como a baixa qualidade dos serviços prestados pelos agentes transitários. Outros constrangimentos apontados por aquele responsável dizem respeito à complexidade das formalidades alfandegárias em vigor e à deficiente transitabilidade das estradas de e para capital provincial de Sofala. Consequentemente, o Porto da Beira está a operar abaixo das suas reais capacidades, situando-se apenas na ordem dos 50 porcento, pese embora, segundo a nossa fonte, a instituição esteja preparada para manusear um maior volume de carga. Contudo, há indicações segundo as quais os operadores malawianos e zambianos começam a aumentar a sua confiança naquele porto nacional, a avaliar pela sua crescente utilização. Assim, do volume total por categoria, o Porto da Beira, incluindo a cabotagem, decresceu em dez por cento, ao manusear no ano passado perto de 500 mil toneladas, contra as mais de 535 mil de 2004. O Zimbabwe movimentou 526.506 toneladas, contra 503.392 do período anterior, o Malawi 455.908 das mais de 301 do período anterior, o que representa um crescimento. A Zâmbia também registou um crescimento, de 25.370 para 601.815 toneladas. O volume total de carga contentorizada manuseada no ano passado foi de 54.303 tous (unidades de contentores), sendo assim o terceiro recorde na história do Porto da Beira nos últimos anos. Por outro lado, o Porto da Beira retomou no ano passado as exportações de açúcar, algodão e madeira.
JORNAL DE NOTÍCIAS - 28.04.2006