Zimbabueanos queixam-se
Visitantes do Zimbabué em Moçambique queixam-se de intimidações frequentes por parte da polícia e de cidadãos moçambicanos, o que levou a ZANU-PF, partido do presidente Robert Mugabe, a exigir «medidas urgentes» para acabar com a situação.
Muitos desses visitantes são funcionários públicos e professores empobrecidos pelas forte crise económica no Zimbabué, onde a inflação atinge valores na ordem dos 1.000 por cento, que tentam fazer pequenos negócios nas províncias fronteiriças moçambicanas.
Após atravessarem a fronteira nas províncias de Manica e Tete, os visitantes vendem produtos como açúcar, óleo, farinha e azeite, tidos como de melhor qualidade do que os produzidos em Moçambique.
Num seminário realizado em Mutare, na província zimbabueana de Manicaland, no qual participaram deputados e senadores da ZANU-PF, foram proferidas críticas contra a polícia moçambicana, acusada de prender indiscriminadamente.
Alguns dos participantes na reunião queixaram-se de que a polícia moçambicana exige dinheiro ou favores sexuais, no caso de mulheres que atravessam a fronteira entre os dois países.
«Já não posso mais, fui tratada como se não fosse um ser humano», disse uma das alegadas vítimas, Angeline Makande, numa acusação secundada por outros participantes no encontro.
«O que é mais surpreendente é que a polícia em Moçambique nos trata como se não tivéssemos direitos nenhuns», acrescentou Christopher Muntyama, outro empresário informal.
Fontes do consulado moçambicano em Mutare negaram as acusações, tendo referido que, pelo contrário, foram recebidas queixas contra a «concorrência desleal» representada pelos zimbabueanos.
EXPRESSO AFRICA - 20.04.2006