Uma empresa de aquacultura, de capitais alemães, denunciou o roubo de 25 toneladas de camarão criado nas suas 130 piscinas de reprodução de mariscos em Pemba, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
A quantidade de camarão do tipo tigre preto retirado apenas no mês de Abril corresponde a cinco meses de trabalho e é superior à produção normal da empresa, o que poderá comprometer a continuidade do empreendimento, disse o director da Indian Ocean Aquaculture (OIA, na sigla em inglês), Marco Moya.
Falando no decurso da vista do governador da província de Cabo Delgado à OIA, Moya acusou a população de roubar também dois mil litros de gasóleo da empresa em três meses e queixou-se da falta de segurança no posto administrativo costeiro pertencente a Mizé, no distrito de Pemba-Metuge, onde está instalada a unidade de aquacultura.
A OIA possui 400 hectares de terra naquela região de Moçambique, onde reproduz mais de uma centena de camarão, num empreendimento inicialmente previsto para 30 anos.
No último mês, disse, a segurança na região ficou ameaçada depois de aparecerem grupos constituídos entre 12 e 15 elementos muito agressivos que entraram em conflitos com os guardas da empresa.
"Estamos a atingir um ponto em que haverá conflito muito sério entre os nossos vigilantes e a população", acautelou o responsável, admitindo a possibilidade de existência de vítimas, caso a situação prevaleça.
Reagindo, um líder comunitário negou que a população do distrito de Pemba-Metuge tenha perpetrado o roubo do camarão, acusando "alguém de dentro" da empresa de pretender "enriquecer em pouco tempo".
"O problema está aqui dentro. Alguém quer enriquecer em pouco tempo e estragar o investimento que já estava a ser feito e a dar sinais positivos em termos de redução de desemprego e dependência", disse.
"Em Mizé não há quem possa ter roubado 25 toneladas de camarão", acrescentou.
O governador da província de Cabo Delgado, Lázaro Mate, nomeou uma comissão, chefiada pelo director provincial da Agricultura, que irá trabalhar com a OIA para apurar as circunstâncias do roubo.
Em 2005, as três empresas de aquacultura que operam em Moçambique exportaram 900 toneladas de camarão para os mercados europeu, norte-americano e asiático, enquanto o sector pesqueiro exportou dez vezes mais.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 26.05.2006