“Não vou entrar em debate polémico”
Aida Libombo, vice-ministra da Saúde
O representante da OMS em Moçambique, Dr.º El Hadi Benzerroug, diz que aquela organização da Nações Unidas “não é a policia do mundo” .
Finalmente alguém do Ministério da Saúde falou do «ARTECOM» mas só conseguiu mostrar estar a tentar empreender uma fuga para a frente. Nada disse que pudesse esclarecer o público. Ao usar o termo «polémico» «apagou o fogo com petróleo».
Senhora vice-ministra, o «ARTECOM», um novo anti-malárico, está a ser distribuído em Moçambique sem certificação da OMS. O que tem a dizer sobre isso? – “Não vou entrar em debate polémico”, respondeu a Dra. Aida Libombo, precipitadamente.
Entretanto inspira e acrescenta: “Há fóruns próprios”.
Insistimos: Que fóruns são esses? – “Fale com os colegas do área no Ministério”.
No Ministério continua a reinar o silêncio, mas lá iremos, agora destinados pela própria vice-minsitra da Saúde. Nada melhor para que o público possa vir, a saber, porque razão o «mecenas» Victor Fung teria dito, perante o entusiasmo de Ivo Garrido, que a produção em Moçambique do «ARTECOM» dependeria da “evolução do conhecimento do produto” deixando os leigos desconfiados de estar-se a tentar fazer dos moçambicanos cobaias.
O anti-malárico «ARTECOM», benevolentemente ofertado às autoridades moçambicanas pela empresa chinesa «THONGUE», e de que foi receptor o ministro da Saúde, Prof. Dr. Ivo Garrido, sendo um medicamento não autorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é vendido nas farmácias do país, sem ser necessária qualquer prescrição médica.
E foi precisamente na representação da OMS que ontem pudemos contactar a vice-ministra Aida Libombo. Esteve lá acompanhando o ministro do Plano e Desenvolvimento, Aiuba Quereneia. Ambos para apresentarem os pêsames e assinarem o livro de condolências pela morte de Lee Jong Wook, director geral daquele organismo das Nações Unidas, perecido segunda-feira, em Genebra, na Suiça, precisamente em que se iniciaria a 59.ª Assembleia anualda OMS presidido por Moçambique que se fez representar pelo ministro da Saúde, Paulo Ivo Garrido.
As explicações da OMS
Como o medicamento em questão está a gerar a tal “polémica” de que fala Aida Libombo e isso precisamente por a OMS não o aconselhar, nada melhor do que também ouvirmos o parecer do representante da organização em Moçambique, Dr. El Hadi Benzerrong. Ele teceu alguns comentários à volta dos procedimentos da OMS em relação aos medicamentos. e ao «ARTECOM», em particular o que o «Mecenas» Victor Fung ofereceu a autoridade máxima da Saúde no país.
O Dr.º El Hadi Benzerrong, explicou ao «Canal» que a OMS tem cerca de 4 a 5 mil peritos que, anualmente, por produzem comunicações científicas. Estas são colocadas no website da organização e “recomendam as combinações que devem ser feitas, uma vez que não somos a favor da monoterapia”.
Benzerrong explicou depois que se recomendam combinações cientificamente comprovadas e que demostraram em casos de tuberculose, malária, e outras doenças que “é possível vencer as resistências” já instaladas relativamente a outros compostos.
Quanto ao «ARTECOM», Benzerrong nada disse de concreto. Referiu apenas que as autoridades de saúde de qualquer país, os que ofertam e os que recebem os medicamentos, “são os responsáveis”, pois a eles cabe a última palavra. “E nós não nos metemos em políticas de governos” esclareceu.
Já finalizar os breves instantantes que concedeu ao «Canal», El Hadi Benzerrong frisa que a organização que representa, a OMS “não é polícia do mundo”.
Apesar das diplomáticas declarações do “embaixador” da OMS em Moçambique, as inquietações do «Canal», mantém-se. Conseguir que as autoridades assumam as tais “responsabilidades” de que fala Benzerrong através de um esclarecimento cabal ao público, continua a ser pertinente. Afinal, existindo comissões técnicas e de Bioética quem dessas comissões do MISAU está capaz de dissipar as nuvens cizentas que Victor Fung deixou no ar ao dizer “de acordo com a evolução do conhecimento do produto”? Quem?
Será que ninguém quer falar porque o ministro Garrido decidiu sozinho sem ouvir ninguém como se a vida de um povo pudesse estar nas mãos de um único ser humano falível como qualquer outro?
Hoje mesmo vamos fazer chegar perguntas escritas ao porta-voz do MISAU, Dr. Martinho Djedje. Veremos se ele responde ou se irá esperar por Ivo Garrido já que Aida Libombo foge de “debates polémicos” como gato de água fria.
Luís Nhachote - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 25.05.2006