A comunidade internacional reduziu em mais de um milhão de euros a ajuda aos 4.300 refugiados albergados no centro de Marretane (norte de Moçambique), nos últimos dois anos, afirmou hoje fonte governamental moçambicana.
O chefe de projectos do Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR) de Moçambique, Damasco Mathe, disse à Agência Lusa que os doadores internacionais reduziram o seu auxílio de cerca de três milhões de euros em 2004 para pouco mais de um milhão de euros, no ano passado.
"A comunidade internacional está a cansar-se do problema dos refugiados e, anualmente, temos assistido a muitos cortes em ajudas", acusou Damasco Mathe.
Aquele responsável pelo INAR referiu que a decisão já ditou a redução de pessoal de apoio da sua instituição, devido à falta de verbas, resultando igualmente no corte de despesas não alimentares.
"Neste momento, há défice nos produtos não alimentares mais importantes para as pessoas, e deparamo-nos com o problema de mantas para distribuir aos refugiados neste Inverno", sublinhou.
O centro de Marretane, aberto há mais de três anos na província de Nampula, alberga 4.300 refugiados provenientes da região dos Grandes Lagos, na sua maioria da República Democrática de Congo, Burundi e Ruanda.
No ano passado, o Governo moçambicano disponibilizou mais de 320 mil euros para a apoiar o Instituto, mas "as dificuldades financeiras do Estado moçambicano já impediram a abertura de delegações do INAR em Tete (centro) e Cabo Delgado" (norte), frisou Mathe.
Dados actualizados em Abril último indicam que Moçambique alberga actualmente 4.600 refugiados, a maioria dos quais residente na cidade de Maputo, onde desenvolvem actividades de rendimento.
No ano transacto, o Governo moçambicano iniciou o processo de distribuição de cartão de identificação de refugiados, nomeadamente aos residentes em Nampula, visando criar uma base de dados do grupo.
Mas o processo "emperrou devido a questões burocráticas", frisou Mathe.
Recentemente, as autoridades moçambicanas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Governo do Ruanda rubricaram um acordo que ditará o repatriamento, em breve, dos cerca de 900 refugiados daquele país.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 30.05.2006