O PRESIDENTE Armando Guebuza afirmou ontem, em Ouagadougou, ser urgente colocar África na rota do desenvolvimento, ao mesmo tempo que anunciava a disponibilidade de Moçambique para acolher, em 2008, a Assembleia Geral do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
A decisão final deverá ser tomada pelo Conselho de Governadores do BAD, que se encontra reunido na capital de Burkina Faso na sua 41ª Reunião Anual, na qual Guebuza toma parte. Moçambique tem todas as condições para acolher o encontro, não só pelo facto de ainda não ter aparecido um outro candidato entre os Estados-membros, mas, e sobretudo, pelas boas relações que tem com o BAD, de que é membro desde 1977. Mais do que isso, o país tem as suas quotas em dia e tem sido exemplar na implementação de projectos financiados pelo banco e prestação de contas, para além de que acolhe a sede regional da instituição desde Fevereiro deste ano. A Assembleia Geral do BAD é um dos mais importantes fóruns juntando políticos, agentes económicos e de desenvolvimento dos sectores público e privado, bem como representantes das organizações da sociedade civil. Umas das inovações do fórum deste ano são os vários encontros de reflexão sobre matérias relacionadas com o desenvolvimento do Continente Africano, tais como o impacto da subida do preço do petróleo nas economias africanas, prevenção e combate à pobreza, fraude e corrupção, entre outras. No seu discurso neste fórum que junta mais de 1500 participantes, Guebuza disse que Moçambique está comprometido com a erradicação da pobreza e criação do bem-estar do seu povo. Afirmou que uma das áreas que deve merecer a atenção dos países africanos prende-se com esforços tendentes ao lançamento e consolidação de economias sustentáveis, dinâmicas, competitivas e cada vez mais inseridas no mercado mundial. "Essas economias deverão ser capacitadas a realizar taxas de crescimento económico elevadas por períodos longos, numa base alargada e inclusiva, com o contínuo florescimento do sector privado", defendeu o chefe do Estado, vincando que só inseridas no mercado mundial as economias africanas poderão lograr mais benefícios, a médio e longo prazos, no acesso ao conhecimento e tecnologias, investimento e comércio intra-africano e com o resto do mundo, garantindo a expansão do emprego e melhoria sustentável das condições de vida dos povos. Para o caso de Moçambique, disse serem necessárias acções sistemáticas para a criação e desenvolvimento do capital humano e infra-estruturas físicas e institucionais apropriadas, com destaque para as áreas de Educação, Saúde, água, energia, comunicações e telecomunicações, bem como a boa governação. Neste exercício, Guebuza destacou ainda o envolvimento do sector privado como parceiro dos governos e pelo seu potencial para contribuir para o crescimento económico e erradicação da pobreza, com particular realce para a pequena e média empresa, pelas oportunidades que oferecem à criação de mais postos de trabalho. Por outro lado, Guebuza saudou o envolvimento do BAD no apoio directo ao Orçamento do Estado, afirmando que esta decisão vai contribuir para que os países-membros se sintam mais responsáveis pelos programas que concebem e se apropriem da sua execução. Saudou ainda o BAD por ter recentemente aprovado o perdão da dívida a 33 países africanos, incluindo Moçambique, vincando que a medida constitui um subsídio ao esforço para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
JORNAL DE NOTÍCIAS - 18.05.2006