A solução será o «BDC» do PCA Hermenegildo Gamito, outro banco já existente ou um banco novo?
O super magnata macaense Stanley Ho, a que está ligado o economista moçambicano Pracash Ratilal que já foi governador do banco emissor em Maputo, quer investir no sector financeiro em Moçambique. A dúvida é se o fará com instituições bancárias de raiz ou adquirindo bancos já existentes, foi anunciado a semana passada, em Lisboa, por Ferro Ribeiro da «Geocapital». Na circunstância, Edmundo Ho, chefe do governo da região autónoma chinesa de Macau, visitava Portugal depois de um périplo por outros países europeus, designadamente pela sede da Comissão Europeia. Ao mesmo tempo, Almeida Santos, advogado da «Geocapital» estava por Maputo em encontros ao nível da «Zambcorp», «Mozacapital» e outros. Deixou a capital moçambicana domingo.
A operação passa por muito mais do que banca. Os interesses de Stanley Ho estão virados, como também já anunciado, para o Petróleo, Gás e outros recursos minerais.
Certos analistas em Maputo sugerem ao «Canal» que em Moçambique as intenções do magnata de Macau ainda estão a ser equacionadas mas, em conclusão, poder-se-ão inclinar para a aquisição e não para a constituição de um banco de raiz.
Tudo indica, para já, que a opção venha a ser um banco que já está no mercado. Qual? É essa a questão, se a opção for tomar participação num banco já existente. Millenium-bim (PCA-Mário Machungo)? BCI-Fomento (PCA-Magid Osman)? BDC-Banco de Desenvolvimento e Comércio (PCA-Hermenegildo Gamito)?
Uma investigação levada a cabo pelo «Canal de Moçambique» indica que a hipótese pode ser mesmo o «BDC» de H. Gamito. Sai o «Montepio» de Portugal, entra Stanley Ho. Ou ficam todos. Ainda nada está decidido, dizem fontes do «Canal».
O «Millenium bim», que há cerca de um mês mudou a sua imagem, não deixa de ser uma hipótese, mas remota. De há dois anos para cá alguns jornais moçambicanos veicularam notícias que sugeriam haver interesse da parte dos accionistas portugueses no BIM em trespassarem os seus interesses naquele banco. A operação passava pela África do Sul. A administração do banco sempre desmentiu. Os passos que se seguiram, até aqui, estão demonstrando que os vaticínios não passaram de especulações. O BCP de Jardim Gonçalves está fortemente implantado em Macau desde a administração portuguesa naquele território agora da R.P.da China.
A outra hipótese que outros analistas consideram ter potencial para andar seria a Caixa Geral de Depósitos e a «Geocapital» entenderem-se sobre o futuro do BPI que está a passar pela OPA lançada pelo «Millenium bcp». Por aí o «BCI-Fomento» tornar-se-ia o banco da operação Ho em Moçambique. Tudo indica, no entanto, que não será por aí. Também é remota essa hipótese.
O que se confirma é que Almeida Santos esteve em Maputo de 4.ª feira a domingo, acompanhado de empresários portugueses e judeus. Santos teve encontros ao nível da «Zambcorp» enquanto Edmundo Ho, chefe do governo de Macau e sobrinho de Stanley Ho, estava de visita a Lisboa.
A manifesta intenção de Stanley Ho, anunciada por Ferro Rodrigues, de fazer banca em Moçambique, com a hipótese deixada em aberto, i.e. de poder acontecer sem ser através de um investimento de raiz, abre pois toda uma série de cenários que o recém admitido apetite pelas reservas em recursos, ainda existentes em África e capazes de suprir défices noutros continentes, acentua.
Almeida Santos, causídico e presidente do Partido Socialista português que forma o actual governo presidido pelo primeiro-ministro José Sócrates tem sido visita regular de Maputo desde que deixou a presidência da Assembleia da República portuguesa.
Em Portugal, Ferro Ribeiro admitiu estarem em estudo outras possibilidades de investimento, nomeadamente na EDP (Electricidade de Portugal). Tal menção situa Stanley Ho claramente interessado em investimentos na área da energia eléctrica por onde gravita o negócio de Cahora Bassa (HCB) a que o nome do macaense vem sendo associado com o risco de poder “desmoçambicanizar” aquele empreendimento hidroenergético que o actual presidente moçambicano Armando Guebuza tem vindo a tentar retirar do domínio português com o argumento de o “descolonizar” se bem que confrontado agora com séria oposição de sectores preponderantes da União Europeia a que o governo luso não tem tido capacidade de convencer, como até aqui os factos inequivocamente demonstram.
Uma coisa parece certa no negócio da “moçambicanização” da Hidroeléctica de Cahora Bassa (HCB). Moçambique não tem dinheiro para pagar. E ou paga a África do Sul, ou paga a China que o presidente da República Armando Guebuza poderá visitar ainda este ano.
O «DN» português noticiava há dias que os horizontes de Stanley Ho não estão virados apenas para Moçambique, mas também para Angola e Cabo Verde e que os passos a dar poderão ser lançar “novas instituições ou adquirir bancos já existentes, em parceria com investidores portugueses”.
Stanley Ho está interessado particularmente em Petróleo, Gás e outros recursos minerais com o propósito de alimentar as necessidades crescentes da República Popular da China.
Aquele jornal de Lisboa refere que as iniciativas no sector financeiro passarão por investimento “a ser feito através da «Geocapital», sociedade de investimentos do conhecido empresário macaense, mas a análise dos mercados em questão está a ser desenvolvida pelo «Banco Seng Heng», instituição detida a 100% por Stanley Ho”. A fonte, segundo o periódico, é Ferro Ribeiro, presidente executivo da «Geocapital».
“Para melhor analisar os mercados africanos de língua portuguesa, bem como o Brasil, e as possíveis parcerias com investidores portugueses, o «Banco Seng Heng» abriu um escritório de representação em Portugal”, facto que foi quinta-feira assinalado oficialmente em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do chefe do executivo do Governo de Macau, Edmund Ho, e outros responsáveis macaenses.
Ferro Ribeiro afirmou que o banco irá estudar projectos de investimento não só na área financeira, mas também no sector das infra-estruturas e recursos minerais, com investimentos “sempre” através da Geocapital, que tem como principais accionistas o «Banco Seng Heng» e Stanley Ho . “Caso se adquira empresas ou se constitua joint-ventures, será a «Geocapital» a tomar a participação no capital”, explicou o seu presidente executivo, Ferro Ribeiro que relembrou o investimento já feito pela empresa no Brasil, juntamente com a TAP, na aquisição da Varig Engenharia, e o projecto em curso em Moçambique, onde a «Geocapital» desenvolveu uma joint-venture com o governo moçambicano através do Gabinete do Plano do Zambeze, a «Zamcorp».
Em Moçambique, a «Geocapital» possui uma sociedade financeira, a «Mozacapital», que se propõe a financiar outros projectos.
Nos investimentos “em curso” de Stanley Ho, em África e no Brasil, já foram investidos cerca de 130 milhões de dólares, referiu o seu presidente executivo. Em Portugal, Ferro Ribeiro admitiu estarem em estudo outras possibilidades de investimento, além do reforço na EDP (Electricidade de Portugal).
Os valores em questão para que as aspirações do governo de Guebuza sejam satisfeitas no que respeita à aquisição da maioria do capital da HCB a passarem por operações que envolvam Stanley Ho ou grupo em que tenha interesse passam por montantes cerca de sete vezes superiores ao que Ho já aplicou em empreendimentos em curso.
Posta a hipótese de abertura de um escritório de representação do «Banco Seng Heng» em Lisboa, o braço forte de Ho nestes seus empreendimentos, Ferro Ribeiro, segundo o «DN» diz que, para já, o modelo que existe serve ao grupo, não rejeitando a hipótese de evoluir futuramente para uma sucursal.
O banco foi criado há 25 anos, tendo sido adquirido por Stanley Ho há 20. Nos últimos cinco exercícios, a instituição ganhou consecutivamente a distinção de «Banco do Ano» em Macau, prémio atribuído pela revista «The Banker».
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 27.06.2006