Com armas de guerra e no Hospital
Vice-ministro do Interior, José Mandra, nega e diz que os guardas são da «Casa Militar» mas não da Presidência nem da segurança da filha do Chefe de Estado.
Depois de várias tentativas da Imprensa junto das autoridades competentes no Ministério do Interior e de estas se terem esquivado a dar esclarecimentos, o vice-ministro do Interior, José Mandra acabou por aparecer perante as câmeras da televisão privada STV a confirmar que Abdul Faruk Monteiro foi morto a tiro por guardas da «Casa Militar» na sequência de uma perseguição automóvel iniciada no parque de estacionamento da Discoteca «Coconuts», na marginal de Maputo, e que terminaria em desgraça já à frente do Hospital Central de Maputo. O vice-ministro nega, contudo, que os militares estivessem a guarnecer a filha do presidente da República, como se afirma numa mensagem por telemóvel que circulou e continua a circular por todo o país e estrangeiro denunciando aquele bárbaro atentado contra a vida de um cidadão que já estava detido e algemando a ainda depois disso foi socado e baleado com um tiro primeiro numa perna e arrastado brutalmente pelos militares, depois de novo perfurado por dois tiros fatais de AK47, cerca das 04h30 da madrugada de sábado.
A descrição do sucedido é feita por um familiar não identificado perante as câmaras do STV.
Os disparos que atingiram o jovem foram precedidos de agressão violenta, “socos e coronhadas”, acompanhado de tiros de Kalash Nikov (AK47).
O jovem estava na discoteca «Coconuts», ex-Mini-Golf, e acidentalmente terá batido em dois carros parados, onde, num deles, de acordo com testemunhas referidas pela família do malogrado, estaria Valentina Guebuza, filha do chefe de Estado Armando Guebuza.
O jovem pôs-se em fuga segundo consta por de imediato terem sido disparados tiros. A guarda da Casa Militar, segundo as descrições empreenderia uma louca perseguição ao jovem, disparado para o ar, facto que deixou muitas famílias apavoradas nas avenidas Julius Nyerere e Eduardo Mondlane, acabando por neutralizar Addul Faruk Monteiro defronte ao Hospital Central de Maputo (HCM).
Acto continuo, algemaram-no, disparam contra o carro vazio e “selvaticamente” disferiram primeiro um e depois dois tiros contra o jovem indefeso, que morreu no local.
O «Canal de Moçambique», tentou ontem junto do porta-voz do Ministério do Interior (MINT), Ilidio Miguel, obter informações sobre o crime. Miguel afirmou desconhecer o assunto. No comando da Policia da República de Moçambique (PRM), o mutismo foi nota dominante, deixando no ar a ideia de que se escondia algo.
No Hospital Central de Maputo ao lado do Banco de Socorros existe uma esquadra da Polícia. O assassinato deu-se à vista dos agentes da PRM em serviço na esquadra.
Sabe-se, entretanto, que existe um processo aberto mas os guardas que assassinaram o jovem continuam em liberdade.
Perante tamanha impunidade uma SMS está a circular com o seguinte teor: “Os assassinos são guarda costas da filha de Armando Guebuza (condene o acto reenviando a sms)”.
Estórias envolvendo guardas da Casa Militar abundam, desde o conluio com altas patentes da PRM no caso que culminou com a primeira fuga da cadeia de Máxima Segurança B.O, de Anibalizinho, o líder do esquadrão assassino que pôs termo à vida do jornalista Carlos Cardoso. (Redacção)
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 29.06.2006