UM grande número de camponeses do sector familiar no distrito de Caia, em Sofala, abandonou a cultura de algodão na presente campanha agrícola. A falta de rendimento é a justificação dada por este grupo. O gráfico dos produtores de algodão baixou em 35 porcento e, neste momento, muitos camponeses se dedica à cultura de gergelim.
Contactados pelo "Notícias", os camponeses disseram que a crise de rendimento agudizou-se quando as empresas fomentadoras começaram a aplicar uma política de comercialização prejudicial. Falaram da pesagem pouco transparente e desqualificação do algodão que muitos consideram da primeira classe. Dinis Tenesse Pangane, um dos maiores produtores de algodão naquela parcela do país, disse que o abandono da prática desta cultura deve-se à falta de coordenação entre os camponeses e as empresas fomentadoras de algodão. "Só para dar um exemplo, nós gastamos muito dinheiro para sachas e outras actividades. A empresa fomentadora canaliza produtos como insecticidas e as sementes, mas o seu desconto é mesmo arrasador. Nós nos contentamos com o dinheiro no presente, mas quando fazemos a retrospectiva sobretudo dos gastos que efectuamos, não temos compensação possível", disse.
Outra camponesa que apenas se identificou por Zerinha disse que abandonou a produção de algodão para evitar conflitos futuros. "Não há rendimento na comercialização de algodão. É por isso que preferimos arranjar outras actividades. Agora estamos a produzir gergelim, porque um quilograma é comprado a 13 mil meticais, enquanto que o algodão está a quatro mil meticais por quilo. É só ver que a manter a produção de algodão com tantas despesas iríamos correr o risco de ficarmos pobres", observou.
A fonte referiu que dos 3742 camponeses que produziram o algodão na campanha agrícola 2004/5, metade é que continua a praticar tal cultura. Este grupo reduziu drasticamente as suas áreas, prevendo-se que os camponeses apresentem questões ligadas à má classificação, pesagem e contestam os descontos decorrentes do uso das insecticidas e sementes. "Nós temos a nobre tarefa de criar as várias alternativas para o bem da população. A nossa instituição e o Instituto Nacional de Algodão como também a empresa fornecedora de algodão estão a envidar esforços por forma a ultrapassar esta problemática", sublinhou fonte da Direcção Distrital da Agricultura em Caia.
NOTÍCIAS - 23.06.2006