UMA comissão de monitoria integrando as Direcções Provinciais de Coordenação de Acção Ambiental, Agricultura, Turismo e Polícia da República de Moçambique acaba de ser criada na província do Niassa, tendo em vista estudar mecanismos para reduzir a devastação de culturas alimentares protagonizada por manadas de animais, com destaque para os elefantes.
O Ministro para Coordenação de Acção Ambiental, Luciano de Castro, que testemunhou o acto, explicou que a iniciativa surge da necessidade do Governo encontrar mecanismos apropriados para que as populações sejam autoras da sua protecção. Para o efeito, as direcções envolvidas deverão, por exemplo, criar áreas de conservação e de turismo, onde as comunidades camponesas estarão impedidas de caçar, construir residências, abertura de machambas ou promover queimadas descontroladas de modo a manter o habitat dos animais.
Esta medida vem reforçar outras anteriormente tomadas e que se revelaram ineficientes, como são os casos de afugentamento de animais através de toque de latas, abertura de machambas em bloco e o uso de pripiri, esta última experiência adquirida no Zimbabwe e implementada pelos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia. Majune, Marrupa, Mecula, Maúa, Metarica e Nipepe, são parte dos distritos do Niassa onde o conflito Homem/animal se reporta com certa regularidade durante todo o ano, devido ao incumprimento das recomendações das autoridades governamentais sobre a necessidade da não abertura de machambas nas rotas dos elefantes por um lado e, por outro, a existência de maior efectivo de elefantes nestas regiões.
Nos anos anteriores, os Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia introduziram o pripiri como cultura de fomento na perspectiva dos camponeses evitarem a recorrência de armas de fogo para afugentar os animais. Enquanto isso, a província do Niassa está a registar problemas ambientais com destaque para erosão de solos, queimadas descontroladas e abate indiscriminado de árvores, fenómeno que precisa de ser estancado com o envolvimento dos líderes tradicionais para a sua monitoria e combate. Instado a pronunciar-se sobre estas práticas, o ministro Luciano de Castro disse ser preocupação do seu ministério encontrar uma saída através de definição de projectos concretos, além da consciencialização das comunidades para a conservação dos recursos ambientais.
Disse que, presentemente, estão em curso acções visando travar a erosão nos distritos de Marrupa e Lago, através de abertura de valas de drenagem e plantio de árvores. Segundo afirmou, o mais importante é a intensificação da campanha de educação ambiental nas comunidades com vista a dotá-las de conhecimentos suficientes sobre a origem, consequências e as intervenções necessárias para a prevenção e combate.
NOTÍCIAS - 24.06.2006