O CORVO indiano está já a constituir preocupação também nas cidades de Nacala e Beira, depois que já era um problema em Maputo. A presença desta ave nestes centros urbanos poderá trazer complicações enormes à vida dos citadinos, caso não sejam tomadas medidas urgentes de abate. Com uma capacidade enorme de multiplicação (podem reproduzir-se seis vezes por ano, com uma ninhada de quatro a cinco crias cada), desenha-se um cenário bastante sombrio caso as autoridades deixem de agir enquanto é tempo.
Carlos Bento, investigador da Universidade Eduardo Mondlane, que visitou recentemente as cidades da Beira e Nacala, disse que a rápida multiplicação destas aves de rapina pode trazer consequências negativas ao ambiente e estado sanitário da zona onde estiverem, na medida em que o seu habitat preferido é o lixo e daí a transmissão de doenças é facilitada. "Depois de termos notado a presença do corvo indiano na cidade de Maputo, agora são as cidades da Beira e Nacala que estão a ser fortemente povoados por estas aves. Concretamente na Beira, são notórios grandes bandos na zona da marginal da Ponta Gêa até Macúti e já se faz sentir o seu barulho e o esgravatar do lixo à busca de alimentos, o que pode trazer consequências negativas para a vida dos citadinos", disse Bento, para quem é urgente uma tomada de medidas antes que a situação se torne insuportável.
Conforme disse, os municípios devem tomar iniciativas de controlo destas aves, através de abates programados para evitar o crescimento dos bandos. A presença destes animais em grandes número na cidade pode trazer problemas aos sistemas de fornecimento de energia e limpeza, para além do barulho que fazem. Podem ser veículos de transmissão de doenças, uma vez que podem ser portadores de alguns vírus patológicos que infectam outras aves com que entram em contacto. "Em Maputo já tivemos oportunidade de apresentar este problema aos órgãos municipais, bem como sugerimos algumas medidas que poderiam ser tomadas para evitar o crescimento dos bandos, que passam pelo abate destas aves.
Na Beira e Nacala devemos apresentar igualmente algumas propostas que possam ajudar na solução deste problema que é de todos, e estamos dispostos a dar a nossa assessoria técnica para o seu abate", disse. Bento alerta para a gravidade deste problema, recordando que em Durban, África do Sul, estão a ser tomadas medidas de abate mas ainda não se conseguiu eliminar o corvo indiano, o mesmo acontecendo em Mombassa, no Quénia, onde estes animais estão já a criar enormes problemas na cidade sem, contudo, se conseguir acabar com eles. Entretanto, Jeremias Liando, vereador da Gestão Urbana e Ambiente no município da Beira, disse ao nosso Jornal que a edilidade deverá prestar uma maior tenção a esta questão e vai trabalhar em coordenação com os investigadores e técnicos para encontrar uma solução rápida do problema, de modo a evitar que se chegue a um estágio alarmante.
NOTÍCIAS - 26.06.2006