No Ministério da Educação e Cultura
Os equipamentos culturais doados pela China originam “sururu” no MEC (Ministério da Educação e Cultura). O «Canal de Moçambique» foi informado que já há materiais desaparecidos. E até já há quem fale em “roubo”. Há ainda a reclamação das escolas especializadas, mais concretamente, a Escola Nacional de Música e a Escola Nacional de Dança que argumentam que os equipamentos doados são para si, alegando que a China ofereceu-os a pedido de ambas mas, agora que os equipamentos foram entregues ao MEC, este “inventou” o programa de distribuir por uma série de instituições de cultura espalhadas pelo país e permitiu que se instalasse, ao que nos dizem, o “vê se te avias”. É afinal um “deixa andar” que já está a dar que falar.
Segundo os nossos registos algumas instituições que não as escolas de Música e de Dança, acabaram por receber alguns equipamentos. Não estão sequer à altura de utilizá-los. E as duas escolas que de facto necessitam desses equipamentos e com capacidade para usá-los «ficaram a ver navios». Continuam sem os preciosos bens por que tanto lutaram até convencerem os doadores da República Popular da China. O próprio Ministério também se abotoou. Acabou ficando com uma máquina digital de gravação audio-visual, baterias e cassetes, equipamentos que fazem muita falta a Escola Nacional de Dança. Entretanto, já desapareceram quatro congas e quatro tripés. Tudo isso estava à guarda do MEC. O Ministério da Educação e Cultura, (MEC), desde quinta-feira passada está entregar o equipamento doado pela República Popular da China às escolas e Casas de Cultura sediadas nos diferentes pontos do País.
Segundo apurou o «Canal de Moçambique» junto da directora Nacional Adjunta da Cultura no Ministério da Educação e Cultura, (MEC), Cândida Mata, o equipamento ora doado não vai satisfazer as necessidades dessas instituições.
O «Canal» publicou nas edições n.ºs 86 e 87, de 8 e 9 de Junho respectivamente, artigos sobre a doação chinesa. As duas escolas (de Música e de Dança) nessa altura já estavam a contestar os critérios adoptados pelo MEC. Com base nos seus argumentos algumas das instituições que iriam receber tais equipamentos não leccionam disciplinas que justifiquem que os possuam. As duas escolas que são públicas e leccionam cadeiras que requerem tais equipamentos, mexeram-se para os ter. Quando chegam fica tudo servido menos quem de facto tem vocação para o equipamento.
À título ilustrativo. A directora da Escola Nacional de Música, Isabel Mabote, revelou ao «Canal» que a sua instituição recebeu do lote doado pelo governo chinês 2 guitarras e 4 flautas o que certamente não vai dar vazão à real necessidade da instituição.
“Temos cerca de 160 alunos e apenas recebemos 2 guitarras e 4 flautas que não vão dar vazão a escola”, disse e acrescentou que o MEC devia doar congas e tripés para sua instituição porque neste momento as existentes são muito antigas e não estão à altura de satisfazer as necessidades da escola. O que mais desgasta aquela directora é o facto do governo chinês ter doado muito mais do que aquilo que a sua escola recebeu.
Enquanto isso a directora da Escola Nacional de Dança, Maria Luísa Mugalela, mostrou-se também agastada quando falava ao «Canal». “O MEC não primou pelas dificuldades da instituição porque apenas distribuiu 778 sapatilhas de ballet de ponta”.
De acordo com Mugalela o MEC encaminhou cerca de 200 sapatilhas de meia ponta para Casa de Cultura da Beira uma instituição que segundo ela “não tem alunos de ballet e muito menos professores que leccionam essa disciplina”, disse e acrescentou que “segundo as regras de dança o aluno inicia primeiro com sapatilhas de ponta e não meia ponta”.
“Estou admirada porque que o MEC fez essa distribuição para a Casa de Cultura da Beira”.
Num outro desenvolvimento Mugalela disse que a sua instituição é que solicitou uma máquina digital de filmar completa por isso “não vejo motivo para o MEC apoderar-se da máquina de filmar completa”, disse e garantiu que novamente a sua instituição vai continuar a envidar esforços junto de outras embaixadas a fim de obter uma máquina de filmar porque a existente é antiga e não tem concerto. De referir que a máquina ficou no MEC.
Dados em nosso poder dão conta que a embaixada da China doou ao MEC 1 caixa de guitarras, 1 caixa de flautas, 1 caixa contendo 8 tripés e 8 congas respectivamente, 3 caixas de sapatilhas de ballet e diversos e uma máquina de filmar digital com bateria para carga, 6 cassetes de 60 minutos.
Esses factos foram confirmadas pelo chefe de Repartição e Administração do MEC, Elias Taimo Cumbana. Segundo ele o equipamento doado pelo governo da China foi distribuido pelas Escolas Nacional de Música e Dança, Casa de Cultura do Alto-Maé e Grupo Juvenil de Cuamba em Niassa.
Ainda segundo ele a máquina de filmar fica para a Direcção Nacional da Cultura do MEC porque ao nível da direcção existem actividades em que a máquina de filmar é uma prioridade, “por isso achamos por bem reter a máquina na instituição”.
O director Nacional da Cultura no MEC, Domingos do Rosário Artur, foi quem deliberou que o referido equipamento fosse distribuído não só pelas duas escolas «Nacional de Dança» e de «Música», mas também pelas Escolas primárias e Casas de Cultura a nível provincial.
Conceição Vitorino - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 28.06.2006