NA cidade onde o presidente do Conselho Municipal é César de Carvalho há uma rua que leva o nome de uma etnia moçambicana, nomeadamente macondes.
Maputo, Sábado, 17 de Junho de 2006:: Notícias
Quer dizer, a Assembleia Municipal sob, se calhar, proposta do Conselho Municipal, sentou-se para deliberar sobre assuntos importantes da vida dos munícipes, para a melhoria das condições de vida da cidade de Tete, e entre outros pontos, senão o único, constava a aprovação de uma nova toponímia da urbe, que passava por dizer sim à Rua dos Macondes. E escolheram! Aquela que nasce em frente da Escola 3º Congresso na Avenida da Independência, vai quase directamente "bater" na famosa barraca da maçaniqueira ou do macaco, como também é conhecida, simplesmente porque ali morreu um animal daquela espécie, que também tinha a sua fama. Mas a rua desiste apenas para não chocar com os assíduos clientes daquele local de pastos, muito fresquinho, mas sobretudo camuflado. Encosta a esquerda, depara-se com uma oficina de rua que diminui o seu espaço por onde eram as traseiras do que foi a Sociedade Comercial de Tete (SOCOTE), tem a seguir os escritórios dos Serviços Técnicos da Água de Tete, frente ao bloco residencial "Maxime", onde ainda se teima em viver, apesar da inospitalidade, há décadas anunciada. Ainda pode encontrar uma travessa que lhe conduza à avenida onde se localiza a "FERSOPE", outra casa comercial, mas se quiser continuar acaba desaguando na "Julius Nyerere" e ainda vai dar nas "barbas" do Governo provincial. É a Rua dos Macondes! As principais características da Rua dos Macondes: poeirenta, pois não tem alcatrão, com apenas uma ideia que parece isolada, no princípio, portanto frente ao "3º Congresso", de quem pôs pedras para evitar que a poeira se levante sujando os imóveis vizinhos. Muita sucata, casas todas a caírem de podre e uma boa esquina para uma série de crimes ou actos desonrosos, à calada da noite. Depois dessa apreciação, apeteceu-me procurar outros nomes. Esperava ver a rua dos machanganas, dos próprios manhungues, dos ndaus, chuabos, e por esta via pensei que a maior avenida tivesse o nome de macuas, senas, por aí fora! A única etnia representada numa rua é aquela que habita pouco menos que um terço da província de Cabo Delgado, província onde eu vivo. Pensei em critérios, não encontrei mesmo naqueles que antes eram muito válidos. Ora, Rua dos Macondes! Significará que eles vivem ali, não! Ninguém tem história de que ali vivia ou vive algum moçambicano daquela etnia. Fosse isso, talvez percebesse, porque em Nampula, não se sabe muito bem em que condições, há um conjunto de prédios assim chamados, prédios maconde, na Avenida das FPLM, antes habitados exclusivamente por eles, hoje com o apertar da vida ficaram para todos, como deveria ter sido desde então, sem discriminação.
Mais confusao
Maputo, Sábado, 17 de Junho de 2006:: Notícias
Significará que eles gostam daquela rua? Não encontrei resposta. Mas está escrito que é rua deles! Heróis? Todos? Também não consegui resposta, pelo contrário meteu-me mais confusão, porque entendendo o suficiente este grupo de moçambicanos ocorreu-me até a ideia de que a edilidade de César de Carvalho, querendo satisfazer (?) poderia, então, pôr mais ruas de macondes. Aqueles de Muidumbe, que se consideram originários, os de Nangade e aqueles de Mueda, para além daqueles que deslizaram para Mocímboa da Praia e Macomia. Também não é saída. Lembrei-me depois de Sérgio Vieira, que ainda neste ano insurgiu-se contra o facto de Helena Taípo ter dito que em Quelimane quem estava a maltratar os moçambicanos empregados eram chineses. O colunista aí chamou a si a responsabilidade de qualificar o gesto ministerial ao mesmo tempo que de todos os lados vinham elogios. Disse então, que era uma tentativa perigosa com laivos de xenofobia que se estava ameaçar o investimento estrangeiro em Moçambique, entre muitas coisas que só ele via sua importância. Finalmente, lembrei-me que Tete é a cidade de Sérgio Vieira, onde vive e funciona o "quartel general" do grande Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ). É aqui onde há rua de etnias, nomeadamente dos macondes. Foi infeliz a opção da edilidade. Há heróis, é verdade, mais grupos em que todos sejam heróis, não parece cientificamente verificável!
NOTA:
Que grande confusão criou a FRELIMO com a nova toponímia que "políticamente" arranjou para as ruas das cidades moçambicanas! O que se passa com a Rua dos Macondes em Tete, passa-se em dezenas de ruas e avenidas de todas as cidades moçambicanas. Ainda hoje o povo, sim o povo, não entende o porquê dos nomes escolhidos.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE