Maputo, 21 Jun (Lusa) - O governo moçambicano acusou hoje o Ruanda de "não cooperar" no repatriamento de 927 cidadãos daquele país refugiados em Moçambique, por não ter enviado um representante para acompanhar a operação.Em declarações aos jornalistas, no âmbito do Dia Internacional do Refugiado assinalado terça-feira, o chefe do departamento de operações e projectos do Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR), tutelado pelo governo moçambicano, Damasco Mathe, anunciou que um plano de repatriamento de 927 ruandeses abortou, devido à "falta de um representante do governo daquele país".
Segundo disse, o repatriamento havia sido acordado em Dezembro de 2003 entre os governos do Ruanda e de Moçambique pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
"Se não fosse esta falta de cooperação por parte do Governo ruandês, o processo de repatriamento dos refugiados daquele país já teria sido concluído, uma vez que acções nesse sentido vêm sendo desenvolvidas desde 2003, altura em que assinámos o acordo tripartido", disse Damasco Mathe.
Para Mathe, já não se justifica a presença de ruandeses em Moçambique com o estatuto de refugiados, uma vez que o país voltou à estabilidade política, após o genocídio no país em 1994.
"A situação que os trouxe a Moçambique com o estatuto de refugiados já está resolvida, daí que não vejo a necessidade destes continuarem nessas condições", considerou o chefe do departamento de operações e projectos do INAR.
O executivo moçambicano está a pressionar Kigali para honrar o acordo de repatriamento dos refugiados ruandeses que permanecem em Moçambique, acrescentou Damasco Mathe.
Em relação aos refugiados doutros países que se encontram em Moçambique, Mathe manifestou a expectativa de que os 4.178 cidadãos da República Democrática do Congo regressem a casa, como resultado das eleições marcadas para 30 de Julho próximo.
Já quanto aos 1.153 cidadãos do Burundi que se refugiaram em Moçambique, o chefe do departamento de operações do INAR disse que a sua situação é "um pouco complicada", devido ao cepticismo dos burundeses em relação ao sucesso do actual processo de normalização política naquele país.
Ainda assim, Damasco Mathe disse esperar que o repatriamento dos refugiados do Burundi comece "em breve", na sequência da assinatura no passado domingo em Dar Es Salaam de um acordo de paz entre o governo do seu país e as Forças Nacionais de Libertação (FNL), única rebelião ainda activa nesta nação da região dos Grandes Lagos.
Além do Burundi, RDCongo e Ruanda, Moçambique acolhe ainda 85 refugiados somalis, 12 liberianos, 11 do Congo Brazzaville e sete refugiados da Serra Leoa, num total de 6.414 pessoas.
"Depois de comprovadas as qualificações e os diplomas apresentados pelos refugiados, procuramos por via de acordos com instituições estatais enquadrá-los. Uns estão neste momento a trabalhar como professores, médicos, enfermeiros e outros, por via de um crédito recebido de algumas ONG, desenvolvem actividades comerciais", disse Mathe.
PMA.